Polícia

Diretor do IML rechaça possibilidade de execução de miliciano por análise das fotos: “Absurdo”

Vagner Souza/BNews
A possibilidade foi levantada após matéria da revista Veja, que entrevistou dois médicos legistas  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 14/02/2020, às 16h54   Pedro Vilas Boas


FacebookTwitterWhatsApp

Na avaliação do diretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), Mário Câmara, não há possibilidade do miliciano Adriano da Nóbrega, morto no último domingo (9) pela polícia, ter sido executado. A possibilidade foi levantada após matéria da revista Veja, que entrevistou dois médicos legistas.

“Difícil de crer que legistas comentam esse tipo de erro. Uma fotografia que não se sabe se foi adulterada; isso é absurdo, não consta em literatura nenhuma”, reclamou, em entrevista à imprensa nesta sexta-feira (14), na sede do Departamento de Polícia Técnica.

O principal questionamento apontado pelos legistas ouvidos pela revista é sobre a possibilidade de disparos à curta-distância - pescoço e tórax -, por causa da presença de marcas vermelhas na região do peito, com a presença de uma "zona de tatuagem", indicativo de disparo à curta-distância. Nada disse apontado no resultado da necropsia divulgada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Segundo os especialistas, não há zonas de tatuagem, ou qualquer outro indicativo de disparo à curta-distância. Não havia, por exemplo, resíduos de pólvora no corpo de Adriano, próximos às marcas de tiro.

Os especialistas defenderam a tese do uso do fuzil pelo tamanho das marcas. A teoria de curta-distância também não faria sentido pelo uso da arma.

“Pistola não faz isso. Foi um projétil de alta energia”, garantiu. Segundo o diretor do IML, caso fosse um disparo de fuzil à curta distância, o estrago seria ainda maior.

Miliciano

Adriano da Nóbrega era apontado como chefe do Escritório do Crime, grupo carioca de milicianos. Ele passou por Costa do Sauípe, no município de Mata de São João, e por Esplanada, onde foi morto em confronto com a polícia no último domingo (9), de acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA).

Ele é suspeito de ter envolvimento na morte da ex-vereadora carioca Marielle Franco, em 2018. A possibilidade de "queima de arquivo" é levantada pela hipótese de que Adriano teria informações que poderiam compremeter autoridades, como o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Conhecido como "Capitão Adriano", o ex-policial militar foi homenageado por na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2005, quando estava preso, acusado de homicídio, entrou para a PM em 1996. Em 2000, concluiu o curso e ingressou no Bope. 

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp