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Pureza, discrição e exclusividade: como os endinheirados de Salvador eram atendidos pelo 'delivery da droga'

Reprodução/Polícia Civil
Três pessoas foram presas nesta quinta (22) por suspeita de fazer parte do 'delivery da droga'  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Polícia Civil
Nilson Marinho

por Nilson Marinho

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Publicado em 22/09/2022, às 12h42


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Tudo acontecia com a maior discrição. Os três falsos motoristas de aplicativo e táxi chegavam às residências de classe média e alta de Salvador e, na portaria, davam o nome do cliente. Após o acesso ser liberado, na garagem, com um aperto de mão, os papelotes de cocaína eram entregues. O trio de traficantes foi preso durante uma operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (22).

Os clientes, geralmente pais de família endinheirados, eram exigentes. Queriam drogas como haxixe, kush e cocaína com 99% de pureza. Eles também gostavam de ser atendidos de maneira rápida e em outros espaços: em alto mar e em bares e restaurantes de áreas boêmias da cidade, como o Rio Vermelho. A entrega também era feita em festas particulares nos mais caros metros quadrados do Itaigara, Barra, Graça e Corredor da Vitória.

Os usuários chegavam inclusive a pagar muito além do valor normal da droga para suprir o vício durante as madrugadas dos finais de semana. Para isso, desembolsavam até R$ 500 por cinco gramas de cocaína – mais do que o dobro do valor. 

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Clientes chegavam a pagar mais que o dobro do valor da droga (Divulgação/Polícia Civil)

Traficantes

A Polícia Civil não divulgou os nomes dos suspeitos devido à Lei de Abuso de Autoridade, mas o que se sabe é que eles eram jovens de “boa aparência”, bons trajes e que possuíam carros novos, conforme descreveu à reportagem um dos investigadores responsável pelo caso. O trio que, não trabalhava junto, só atendia em bairros de classe média e alta, e evitava os periféricos. Quando um deles era procurado por um cliente, mas, por algum motivo, não conseguia atendê-lo, indicava o colega. O importante era não deixar a clientela na mão.

O BNews conversou com uma fonte ligada a um dos presos. Sem querer se identificar, a pessoa disse que a prisão do jovem pegou a todos de surpresa. Ela diz que o rapaz sequer sabe dirigir e que não entende o motivo da prisão. Afirmou também que o suspeito não tinha emprego, mas que era sustentado pelo pai. As prisões aconteceram nas primeiras horas da manhã no Imbuí e Rio Vermelho.

A investigação teve início há seis meses e é possível que mais pessoas estejam envolvidas na mesma modalidade de entrega de drogas. Os entorpecentes que abasteciam o comércio vinha da região sul do país. “A investigação ainda está em curso e não foi finalizada. Todos confessaram que usavam aplicativos de troca de mensagens para comercializar as drogas e se passavem por motoristas por aplicativo, mas não trabalhavam desse forma”, disse o coordenador da Narcóticos do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Glauber Ushiyama.

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