Salvador

Caso Márcio Pérez: "Está claro que ocorreu um homicídio", diz promotor do MP-BA

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Vítima foi morta com um tiro na nuca; Ele estava na companhia de uma amiga, e chegava em casa de carro quando foi abordado pelos policiais  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 25/09/2018, às 10h50   Redação BNews


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O promotor Davi Gallo Barouh, um dos designados para atuar no inquérito policial do caso de Márcio Pérez Santana, 42 anos, assassinado por policiais militares durante uma perseguição na Avenida Simón Bolívar, entre os bairros do Costa Azul e Armação, em Salvador, afirmou que o caso será elucidado o mais breve possível. 

Em entrevista ao apresentador José Eduardo, na Rádio Metrópole, nesta terça-feira (25), ele disse que um dos principais esclarecimentos que tem que ser feito é o porquê do afastamento dos PMs da área de atuação dele. Eles pertencem à 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), que fica no bairro de Cosme de Farias. 

“O que uma viatura estava fazendo tão distante do seu ponto de atuação? Foram feitos pedidos de perícia em arma. O DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] assumiu a investigação. A promotoria achou por bem que tivesse acompanhamento do Ministério Público”, disse e acrescentou que um esclarecimento tem que ser dado à comunidade internacional.

Informações obtidas pela reportagem do BNews apontam que os policias informaram aos superiores que iriam jantar naquela região, no dia do ocorrido. “O fato está sendo investigado. Alguns pontos têm que ser esclarecidos. Por que a abordagem, o modo que foi feito, por que essa viatura estava tão distante da sua área de jurisdição? São perguntas que serão respondidas”, garante.

Ainda em entrevista, o promotor voltou a questionar a abordagem usada pelos PMs. “No momento da abordagem, eles teriam apagado as luzes. Eu preciso de qualquer maneira ouvir os policiais que estavam dentro da viatura. Outra coisa que chama atenção. Por que só dois polícias de madrugada na viatura, quinado é comum três? Os policias têm que trazer aos autos as versões dele. Não tem muito o que esconder. A prova é clara. Possivelmente, haverá uma reconstituição do fato, com reprodução simulada. Essa reconstituição vai ser de suma importância para elucidação do fato”.

Segundo o promotor, está claro que ocorreu um homicídio. “Não tem outra explicação. Agora, em que circunstâncias esse homicídio aconteceu é o que nós vamos saber. A vítima foi encontrada desarmada, não teve nenhum tipo de reação. Vamos concluir, espero eu, em um curto espaço de tempo”.

Márcio Pérez foi morto com um tiro na nuca. Ele estava na companhia de uma amiga, e chegava em casa de carro quando foi abordado pelos policiais. O veículo que ele dirigia chegou a capotar. A mulher não teve ferimentos. Testemunhas relatam que a vítima foi perseguida e morta. Os policiais negam a versão e dizem que a vítima morreu após o carro em que estava ter capotado durante a ação.

A mulher, que não teve a identidade divulgada, contou, em depoimento, que o carro da vítima foi perseguido por uma viatura, que estava com o giroflex desligado e os faróis altos. Ela também relatou que, eles tinham percebido que se tratava de uma viatura e se assustaram com o veículo. Durante a perseguição, houve disparos e o carro da vítima capotou.

O casal foi levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Marback, no bairro do Imbuí, pelos policiais. Márcio já estava morto. Na unidade de saúde, os policiais relataram que a vítima estava ferida porque tinha sofrido um acidente de trânsito. A versão foi reforçada pelos policiais em depoimento na Corregedoria.

A mulher já prestou depoimento ao diretor do DHPP, José Alves Bezerra Júnior. “Ela já foi ouvida, e nós vamos ouvir mais uma vez. Eu já tive acesso a esse depoimento dela. Ela foi ouvida exaustivamente. Não posso falar posso falar sobre detalhes dele, é a testemunha que presenciou. Existem detalhes que não podemos falar, que são estranhos ao fato. Em cima desses detalhes o crime vai ser elucidado. O que podemos dizer para família é que teremos um desfecho para esse crime o mais breve possível. Com a responsabilidade do responsável”, assegura.

E continua: “em princípio, só houve a participação de um. Tem que ver a motivação. Qual a motivação desse crime? Esse é o grande ‘x’ da investigação. Nós estamos muito próximos de descobrir isso”.

O caso está sob investigação da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar, que apuram a situação individualmente. As investigações são acompanhadas por dois promotores do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Os policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.

Na manhã de sábado (22), amigos e familiares se reuniram em uma missa que marcou a despedida de Márcio antes do início do traslado para a Espanha, país onde os pais dele moram, e onde será realizado o enterro.

Márcio também tinha nacionalidade espanhola. A mãe dele participou da missa em Salvador acompanhada do cônsul da Espanha, Gonzalo Fournier. Márcio era formado em economia e tinha uma empresa de consultoria. Ele deixa duas filhas, uma de 9 e outra de 13 anos, que descobriram a morte do pai nas redes sociais. 

Classificação Indicativa: Livre

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