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Empresários admitem ter pago €12 milhões nos ferries; Governo pagará € 18 mi

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Governo da Bahia pagará 18 milhões de euros a Happy Frontier  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana/Arquivo/Bocão News

Publicado em 08/12/2014, às 06h39   David Mendes (Twitter: @__davidmendes)


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Até o momento não há detalhes das ações que necessitaram mais 6 milhões de euros

Os proprietários da Happy Frontier, empresa contratada pelo governo da Bahia para comprar os ferries Zumbi dos Palmares e Dorival Caymmi, admitiram, em entrevista ao jornal A Tarde publicada neste domingo (7), que pagaram € 6 milhões de euros – R$ 19 milhões - aos armadores gregos por cada embarcação, conforme valor de mercado.

No total, os dois navios, que já estão em operação assistida na Baia de Todos os Santos e realizam a travessia Salvador – Ilha de Itaparica, custarão aos cofres públicos € 18 milhões de euros - R$ 56 milhões.

“Se você fazer um barco desse novo na Grécia fica em torno de 7 milhões de euros”, informou o angolano Helder Barata, um dos sócios da Happy Frontier, empresa responsável pela compra, que está em Salvador para acompanhar o treinamento da tripulação.

Além de Barata, o português João Melo, também sócio da empresa, acompanha as ações na capital baiana. Conforme o diário baiano, os € 6 milhões de euros a mais pagos pelo governo não pode ser considerado sobre preço e estão incluídos neste montante – R$ 19 milhões – a reforma das embarcações para cumprir as exigências da legislação brasileira e o seguro que é apontado como caro, considerando o alto risco da travessia das águas gregas até as baianas.

Sobre a sede funcionar em um salão de beleza em Lisboa, João Melo explicou que o prédio é da sua família. “Nossa empresa é de exportação. Na Europa, você faz uma empresa e pode exercer qualquer atividade. Cada uma tem um código. É só comunicar ao governo e, após a autorização, trabalhar. Em Portugal, o governo sabe tudo que estamos fazendo”, afirmou.

Ainda conforme Melo e Barata, o governo do Estado deve 35% do valor do negócio, que deverá ser pago após a finalização de todas as ações. “Na Grécia não tem isso de vender lá para entregar cá. Você compra à vista e pronto. Como o governo da Bahia queria comprar lá para entregar cá e receber em parcelas”, afirmou.

Reportagem do professor da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Fernando Conceição, mostrou que a Happyfrontier fez a adequação estatutária cinco meses após vencer a licitação, o que seria um pré-requisito para se habilitar ao pregão realizado no início de novembro de 2013 pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra).

Além disso, Melo, que é casado com a filha da cabeleleira que atua no imóvel onde a Happy Frontier está registrada, apresentou durante o processo licitatório na Seinfra uma procuração como representante das empresas gregas tidas como proprietárias dos navios, Agios Athanasios A. Maritime Company e Theologus Shipping Company.

O então secretário de Infraestrutura, vice-governador e senador eleito, Otto Alencar (PSD), já informou que homologou a licitação na época depois do parecer da Coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Rita Tourinho, e que os € 6 milhões de euros correspondem ao transporte do mar da Grécia até à Baia de Todos os Santos, seguros, quatro meses de treinamento da tripulação e dois anos de reposição de peça.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Pedro Lino, enviou no final de setembro para os Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MP-BA), correspondências com indicações de “fortíssimos indícios de crime” na compra dos dois ferries. 

Até o momento, o MP-BA e o MPF ainda não se pronunciaram sobre o caso.

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Publicada no dia 7 de dezembro de 2014, às 11h07

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