Política

Em nove meses, força-tarefa da Lava Jato fez 88 réus

Publicado em 11/01/2015, às 10h07   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



Um velho conhecido da polícia foi preso no dia 17 de março de 2014 em São Luís, no Maranhão. Fisgado na Operação Lava Jato em agosto de 2013, quando começou a ter as ligações telefônicas monitoradas, o doleiro Alberto Youssef era considerado um dos maiores operadores do mercado paralelo do país. Tinha encontrado na véspera da prisão um assessor da então governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Naquele dia, policiais federais saíram às ruas para cumprir 28 mandados de prisão e 81 ordens de busca e apreensão em 17 cidades do país. A colheita de provas nos endereços de Youssef foi a mais proveitosa e levou os policiais aos tentáculos do “petrolão”, o maior esquema de corrupção da história contemporânea, que sangrou os cofres da Petrobras pelo menos desde 2004.
O monitoramento de Youssef levou os investigadores ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Conversas telefônicas do doleiro indicavam que o ex-diretor tinha recebido cerca de 8 milhões de reais da Camargo Corrêa por obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Conduzido a prestar depoimento na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Costa ordenou a familiares que escondessem documentos de seus escritórios, o que foi descoberto pela polícia e motivou sua prisão no dia 20 de março. Dos indícios contra o ex-diretor, vislumbrou-se a ponta de um gigantesco esquema de corrupção, o que motivou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a criar uma força-tarefa de procuradores para concentrar as investigações e denúncias da operação.
Desde que a força-tarefa começou a funcionar, em abril, foram oferecidas 18 denúncias: 88 pessoas se tornaram réus. Youssef foi acusado criminalmente em 13 denúncias, e Costa em sete. Até o momento, foram cumpridos 161 mandados de buscas e apreensões, 37 mandados de condução coercitiva e 60 mandados de prisão. A equipe de procuradores ficou famosa nacionalmente com a apresentação de cinco denúncias no dia 11 de dezembro, contra sócios e executivos de seis das maiores empreiteiras do país – Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior, UTC, Galvão Engenharia e Engevix. Eram as acusações formais da “primeira leva” dos corruptores. O Brasil conheceu o “Clube do Bilhão”, o cartel de empreiteiras formado para fraudar contratos de obras da Petrobras. Outras 17 grandes empresas são investigadas, o que envolve gigantes como Odebrecht e Andrade Gutierrez. No dia da apresentação das denúncias, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, destacou que a investigação estava "só no começo” e que o mesmo esquema de corrupção atingiu outros órgãos públicos.
A operação já motivou a abertura de mais de 250 procedimentos de investigação. Só os principais inquéritos somam mais de 55.810 páginas de análises, depoimentos e provas documentais. Mas o trabalho dos investigadores não fluiu sem obstáculos. A apuração foi suspensa por pouco mais de três semanas. Em 19 de maio, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, libertou Paulo Roberto Costa da cadeia em decisão liminar e suspendeu todos os processos do caso até que fosse decidido se a operação deveria tramitar no Supremo em função do envolvimento de parlamentares. As investigações só voltaram a correr em 10 de junho. No dia seguinte, o ex-diretor da Petrobras foi preso novamente porque os procuradores receberam provas de que ele tinha ocultado cerca de 26 milhões de dólares na Suíça e nas Ilhas Cayman.

Fonte: Veja

Classificação Indicativa: Livre

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