Política

'Democracia petista' desagrada aliados

Imagem 'Democracia petista' desagrada aliados
Divisão de cargos no governo estadual pode provocar racha no bloco governista  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 13/04/2011, às 20h29   Luiz Fernando Lima



A briga por cargos do governo estado promete ter vida longa. Ao menos, é o que circula nos corredores da principal frente de batalha: a Assembleia Legislativa. O acordo entre as direções partidárias das legendas que compõem a base do governador Jaques Wagner foi amarrado pelas mãos fortes do próprio chefe do Executivo estadual. Isto segundo deputados da própria ala do governo.

Conforme deputados da bancada de Wagner, que preferem não ser identificados, a divisão é injusta porque privilegia as indicações do PT e do PP. “O primeiro critério é a quantidade de votos que cada partido teve nos 26 Territórios de Identidade”, afirmou uma fonte à reportagem do Bocão News.

Outra condição acordada leva em conta a votação dos deputados federais e estaduais eleitos também na mesma região. Há ainda os casos especiais, nos quais são beneficiados os candidatos não eleitos mesmo tendo votações expressivas; o último requisito é o que favorece os deputados estaduais que apoiaram o governador na campanha eleitoral, mas que pertencem a partidos que não integraram a coligação majoritária de Wagner.

A intervenção do governador, segundo as informações, foi mais forte para a questão que estabelece a ordem de indicação. Os aliados de última hora do governador questionam a forma como os melhores cargos são divididos.

Um exemplo hipotético é o seguinte: o PT teve 40% dos votos em uma determinada região, o PP 30%, PCdoB, 20% e PDT 10%., o órgão estadual local tem dez cargos, sendo um de direção, outro para subgerente, três para supervisão e cinco de operação. O PT, pelo critério estabelecido no acordo, indica os quatro primeiros, ou seja, os petistas ficariam com a direção a sub, além de dois cargos de supervisão.

No mesmo exemplo, o PP teria direito a três cargos, indicando a última supervisão e mais dois operacionais. Restaria aos demais partidos apenas as indicações para operação.

Tabela

Partido Voto (%) Quantidade de cargos
São 10 no total
PT 40 4
PP 30 3
PCdoB 20 2
PDT 10 1

** Por ter mais votos o PT tem direito a escolher os postos dos seus quatro indicados antes dos outros partidos

** O restante segue a mesma lógica, ou seja, o PP indica os seus três para os locais restantes após a acomodação dos petistas, e assim sucessivamente.

“Nós tentamos emplacar que a ordem fosse outra, mas não teve jeito, isto ficou definido e o martelo foi batido assim mesmo”, lamentou um deputado. Para esta mesma fonte, a “gordura” da base governista tem feito com que os parlamentares que aderiram ao bloco do governador sejam vistos com “um certo desprezo”.

Pressão

Durante a sessão plenária da última terça-feira (12) aconteceu o primeiro ato desta saga. O líder governista, Zé Neto (PT), se viu isolado e derrotado ao colocar em votação o requerimento de urgência para acelerar a aprovação da reforma administrativa. Na oportunidade, os parlamentares da base “aliada” não deram quórum e a intenção de Neto agilizar a apreciação da proposta foi por água abaixo.

O mais grave neste caso é que o próprio projeto de reforma prevê a criação de, pelo menos, 174 novos cargos que seriam distribuídos seguindo os critérios impostos pela Serin. No entanto, ao que parece, os aliados não se mostram satisfeitos em ver a regra ditar os rumos das indicações.

De acordo com fonte do Bocão News, o governador vai precisar reavaliar a distribuição. Apesar de o bloco dos insatisfeitos ainda não ter se revelado publicamente, ninguém na Assembleia Legislativa questiona a existência do grupo. 

O líder da bancada independente, Targino Machado (PSC), prevê que, se o governo não ceder, o caldo da oposição será, inexoravelmente, engrossado.

Foto 1 e 3: Edson Ruiz // Bocão News
Foto 2: Roberto Viana // Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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