Política

Ponte Salvador-Itaparica não sairá do papel; Oposição critica R$ 90 mi gastos

Publicado em 19/03/2015, às 19h27   David Mendes (Twitter:@__davidmendes)




Com custo previsto de R$ 7,3 bilhões, muitos consideram proposta megalomaníaca do governo petista
Com R$ 90 milhões já retirados dos cofres estaduais para pagar projetos de viabilidade, a ponte Salvador-Itaparica, considerada por alguns como uma proposta megalomaníaca dos petistas baianos, deverá ficar mesmo só no papel.
Inicialmente, o governo do Estado, ainda sob o comando do ex-governador Jaques Wagner (PT), previa a conclusão da obra que cortaria a Baía de Todos os Santos para o ano de 2019. Toda a estrutura custaria aos cofres, inicialmente, R$ 7,3 bilhões - com participação do governo federal. O custo é o mesmo da construção da ferrovia Transnordestina, que possui 1.728 km de extensão e cortará todo o estado de Pernambuco, chegando ainda ao Piauí e ao Ceará. A ponte Salvador-Itaparica teria extensão de 12 quilômetros e seria a segunda maior da América Latina, só perdendo para a Rio-Niterói.
As contratações das empresas para realizar os estudos de viabilidade tiveram início ainda na gestão José Sergio Gabrielli, ex-secretário estadual de Planejamento (Seplan), e continuou sob a responsabilidade do vice-governador João Leão (PP), atual chefe da Seplan.

José Sergio Gabrielli passou projeto para seu sucessor na Seplan, João Leão
De acordo com o deputado estadual Luciano Ribeiro (DEM) "o projeto morreu” e a gestão petista no Estado já estaria a admitir que não tem como tocar a obra sozinho, principalmente porque a administração petista, que queria formar Parcerias Públicas-Privadas (PPP), não conta com nenhuma empresa interessada devido aos escândalos de corrupção que envolvem grandes empreiteiras do país.

“Eu posso ter um sonho de ter uma Ferrari, mas para isso teria que vender todo o meu patrimônio. Isso seria uma extravagância”, apontou o democrata.
Segundo Ribeiro, os gatos com estudos de viabilidade de um projeto que não será concretizado demonstram a ineficiência da gestão estadual. “Não basta aplicar [recursos públicos] de forma legal, mas de forma eficiente. Estamos analisando só o aspecto da ineficiência. Com o fim do projeto, o governo demonstra inaptidão”, condenou Ribeiro, ao citar que os recursos poderiam ser investidos prioritariamente em Saúde, Segurança Pública, escolas. "Esse dinheiro - R$ 90 milhões - daria para construir três hospitais de ponta no interior do estado", destacou o parlamentar.
Já o deputado Hildécio Meireles (PMDB) apontou o erro da gestão petista, que só deveria ter empenhado dinheiro após a conclusão de pareceres de viabilidade técnicos. Para realizar o estudo de viabilidade ambiental, o governo gastou R$ 8 milhões. “Os 82 milhões, que só deveriam ser gastos com a licença ambiental deferida e com estudo de viabilidade econômico também resolvido, foram pelos ares e ocasionou a inviabilização 

do projeto. Podemos dizer que foram gastos sem a observância dos princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal”, criticou o peemedebista. 

Na página oficial do projeto, a Seplan informou ainda no início de fevereiro que protocolou junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da ponte e o órgão teria 60 dias para dar um parecer sobre o estudo. O prazo vence no próximo dia 5 de abril.

O vice-governador João Leão foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado.

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