Política

A participação baiana na blindagem de Palocci

Imagem A participação baiana na blindagem de Palocci
Atendendo a pedidos deputado cancela reunião de comissão na Câmara  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 18/05/2011, às 21h50   Redação Bocão News



A participação baiana no assunto do momento do Congresso Nacional se resumiu ao cancelamento da sessão da Comissão de Fiscalização pelo presidente Sérgio Brito (PSC-BA) na Câmara. De acordo com o colunista da revista Veja, Lauro Jardim, Brito, que tem ligações com o “poderoso” Eduardo Cunha, ouviu o amigo e abortou o encontro, que seria um tanto quanto inoportuno para os governistas.

Cunha, ainda segundo a nota do jornalista, já havia prometido agir em plenário para salvar Antonio Palocci. Na manhã desta quarta-feira (18), Cunha teria se comprometido a fincar o pé na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para evitar qualquer possibilidade de convocação de Palocci para explicar o sucesso de sua atividade como consultor. Disse na oportunidade que “nós (petistas) todos precisamos do Palocci, a base governista precisa. Vou ajudá-lo”.
Não precisou, foi até o ouvido de Brito, pediu e foi atendido.

Ainda na Câmara, o plenário rejeitou dois requerimentos que pediam a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. DEM e PSDB, autores dos requerimentos, pediam que o ministro desse explicações sobre a suspeita de enriquecimento ilícito. O patrimônio de Palocci teria aumentado 20 vezes nos quatro anos em que foi deputado federal.   

A decisão foi criticada por deputados da base governista. O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), acusou a oposição de “declarar guerra sem necessidade”. Para o líder, a obstrução atrapalha todos os trabalhos na Casa. “Querem fazer disso um cavalo de batalha, e isso não dá. Todo mundo tem o direito de achar estranho [o aumento de patrimônio de Palocci], mas ninguém pode acusar sem provas”, disse.

Fogo amigo?

Em menos de seis meses de governo, a presidenta Dilma Rousseff tem uma lista de pelo menos sete ministros envolvidos em polêmicas e pressões desde que assumiram o cargo, em 1º de janeiro. Primeiro, foi Ana de Hollanda (Cultura), que se desgastou com a comunidade artística no debate sobre direitos autorais e por ter recebido diárias para se hospedar no Rio de Janeiro, onde possui residência. Semanas depois, foi a vez do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, questionado por aumentar seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. Agora, o jornal O Estado de S.Paulo divulga uma lista com outros cinco ministros que, assim como Palocci, mantém sociedades com empresas de consultoria.

São eles os petistas Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e José Eduardo Cardozo (Justiça); Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos), da cota do PMDB; Fernando Bezerra (Integração Nacional) e José Leônidas Cristino (Secretaria Nacional dos Portos), ambos do PSB. Todos negam haver conflito de interesses entre a natureza das empresas e a ocupação dos cargos. Fato é que a suspeita atinge um dos principais opositores de Palocci: o mineiro Fernando Pimentel, que havia perdido força ao longo da campanha de 2010 em meio ao episódio do suposto dossiê contra adversários tucanos.

À época, falou-se que a divulgação das suspeitas era resultado de fogo amigo entre petistas que controlavam a área de omunicação da campanha – de um lado, o ex-prefeito de Belo Horizonte, amigo pessoal da então candidata; de outro, o hoje presidente do PT Rui Falcão, do núcleo paulista do partido, assim como Palocci. Pimentel foi derrotado na corrida pelo Senado, mas acabou contemplado com o Ministério do Desenvolvimento. Ele afirmou à reportagem do Estado que a empresa, apesar de ativa, não prestará serviço enquanto for ministro.

Coordenador da campanha de Dilma e nome forte da economia no governo Lula, Palocci se viu obrigado a responder sobre a engorda de seu patrimônio observada a partir de 2006, quando se elegeu deputado e declarou possuir 375 mil reais em bens. Quatro anos, um apartamento e um escritório comprados por 7,5 milhões depois, Palocci tenta agora se livrar das suspeitas argumentando que a variação patrimonial é resultado de serviços prestados por sua empresa de consultoria.

Acuado, Palocci tratou de apontar ex-integrantes de governos passados que também enriqueceram fora do poder público. Em e-mail dirigido a parlamentares, disse que a “experiência única” de ocupar cargos públicos dá valor aos profissionais de consultoria. “Não por outra razão, muitos outros se tornaram em poucos anos banqueiros, como os ex-presidentes do Banco Central e BNDES Pérsio Arida e André Lara Rezende, diretores de instituições financeiras como o ex-ministro Pedro Malan ou consultores de prestígio como o ex-ministro Maílson da Nóbrega.”

Com informações da revista Carta Capital

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