Política

Propina como doação continuaria no segundo mandato de Dilma, diz Ricardo Pessoa

Publicado em 05/12/2015, às 06h26   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)



O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, disse em sua delação premiada no Supremo Tribunal Federal (STF) que entendeu, ao conversar com o atual ministro da Comunicação Social Edinho Silva sobre recursos para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, em 2014, que o esquema de pagamento de doações para obtenção de obras na Petrobras continuaria em um eventual segundo mandato da presidente. As informações foram divulgadas pela Folha, neste sábado (5).
Nesta quinta-feira (3), pela primeira vez o STF tornou pública a íntegra da delação premiada de Pessoa homologada pelo ministro do STF Teori Zavascki. Ele prestou 29 depoimentos em maio deste ano, mas os termos estavam sob segredo de Justiça. Pessoa contou que manteve três contatos pessoais com Edinho, então tesoureiro da campanha de Dilma, no período da campanha eleitoral de 2014, duas vezes no comitê central do partido, em Brasília, e uma vez na sede da UTC em São Paulo.
Segundo Pessoa, o contato com Edinho foi feito a pedido do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, "a pretexto de que era necessário contribuir para as eleições de 2014, inclusive para a campanha presidencial". "Vaccari queria, além da conta corrente que mantinha com Pessoa, mais R$ 10 milhões", contou Pessoa.
O empreiteiro reagiu, dizendo que era muito dinheiro. Ao final das conversas, disse ter sido "persuadido de maneira bastante elegante". Edinho teria dito, segundo o empreiteiro: "Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isto. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando".
Ao final das conversas, houve a decisão da UTC de fazer doações de forma oficial, segundo Pessoa, "o que foi expressamente feito em razão da vinculação feita entre o pedido e os contratos da UTC na Petrobras e os entraves que poderiam ser postos".
O empreiteiro afirmou que os valores para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10 milhões, mas apenas R$ 7,5 milhões foram pagos a parte restante não foi depositada porque o empresário acabou preso pela Operação Lava Jato em novembro de 2014.
O pagamento, disse Pessoa, foi acertado em um restaurante árabe na rua Haddock Lobo, em São Paulo, com Manoel de Araújo Sobrinho, que, na época, era "gerente macro regional da região sudoeste da Presidência da República, Secretaria de Relações Institucionais". Após Edinho passar a ser investigado no STF por suposta ligação com a Lava Jato, Araújo Sobrinho deixou o cargo de chefe de gabinete do ministro.

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