Política

Targino contra-ataca e diz que Nilo se tornou o 'maestro do governo'

Publicado em 25/12/2015, às 09h48   David Mendes (Twitter:@__davidmendes)



O deputado estadual Targino Machado (DEM) não deixou barato as investidas feitas contra ele pelo presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputado Marcelo Nilo (PDT), que chegou a tentar emplacar uma representação no Conselho de Ética contra o democrata por quebra de decoro. O processo já foi arquivado pela maioria dos deputados estaduais da Mesa Diretora. O embate entre Nilo e Targino teve início durante a sessão que votou o primeiro turno do pacote de medidas dos servidores estaduais. Targino, por diversas vezes, questionou a posição de Nilo no rito da votação, que não estaria cumprindo com o seu papel de magistrado. Durante os tumultos registrados durante as votaçãoes entre manifestantes e seguranças da Casa, Targino foi acusado de ter agredido um sargento e se referido ao PM como "seu neguinho".  Nesta quarta-feira (23), Targino, que já tinha afirmado que a abertura de um processo no Conselho de Ética era uma armação perpetrada”, subiu à tribuna e não poupou críticas ao chefe do Legislativo baiano.

“No passado, o presidente Marcelo Nilo era uma das principais pedras a serem atiradas a favor do povo da Bahia. Hoje, o mesmo presidente Marcelo Nilo é o timoneiro impiedoso a levar o barco dos funcionários públicos ao naufrágio. Ele é o principal carrasco dos funcionários nesta Casa, pois é o maestro do governo nesse Legislativo”, disparou.

No início da semana, Targino já tinha negado que teria praticado racismo, onde apenas três seguranças ligados à Presidência testemunharam a suposta agressão. Tudo indica que a ira do presidente da Casa Legislativa teria sido despertada após um discurso caloroso com críticas à sua atuação no comando do Parlamento. Nilo completa nove anos na presidência da Casa de Leis da Bahia.

Confira partes do discurso do democrata:

"Esta Casa, apesar de generosa, não pertence a nenhum dos senhores deputados, embora, a mim pareça, que alguns, em decorrência da longa permanência no exercício do mandato, exercitam o imaginário e se julgam daqui proprietários.

Esta Casa não existe por causa dos deputados, é justamente o contrário. É fruto da democracia, onde o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal.

Bem, senhor presidente, senhores deputados, por favor compreendam que os gritos do povo ocorrem quando esta Casa se apequena, se avilta nas suas obrigações, se vende distanciando-se dos princípios que devem nortear o Parlamento.

Os ditadores desprezam os clamores populares. Não somos ditadores, somos empregados de luxo da democracia, aqui colocados pelos eleitores para representá-los, agindo em sintonia fina com eles.

Assisti esta Casa, que precisaria parecer com um abrigo, para acolher, para dar amparo e asilo aos sentimentos das ruas, se transformar numa praça de guerra, que foi urdida para demonstrar a sua submissão e o seu jugo como se o Parlamento tivesse que se submeter ao Executivo como se fôssemos parelha de bois.

A ignomínia. Ao invés de defendermos os interesses dos nossos benfeitores, dos nossos patrões: o povo, alguns arautos da desfaçatez viraram as costas a eles, aqui representados pelos funcionários públicos e jovens estudantes, recepcionando-os como se bandidos fossem com pancadaria promovida pela Mesa Diretora desta Casa.

Foi assim, ao invés de merecido acolhimento, açoite; ao invés de asilo político: abandono e violência.

Lamentável é a Casa do Povo, manter o aleitamento de um elemento violento nas volumosas tetas do Parlamento Estadual, para agredir jovens que só pretendiam exercer a democracia através de um protesto inocente, pueril, sem nenhuma violência.

(...) Pense num absurdo, na Bahia tem precedente.

Sempre há tempo, senhor presidente, para reconhecer o erro e pedir perdão".

Publicada originalmente às 15h do dia 24 de dezembro

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