Política

Ex-ministro e OAS trataram sobre terreno de camarote do Ilê Aiyê em Salvador

Publicado em 14/01/2016, às 09h52   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Os diálogos entre José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e o ex-ministro da Previdência Social Carlos Gabas apreendidos pelos investigadores da Operação Lava Jato mostram que a relação dos dois começou antes de o atual secretário especial de Previdência Social intermediar negócios da empreiteira com o Governo do Distrito Federal, em 2014.

Matéria do Estadão mostra que dois anos antes, os dois trataram de um terreno em Salvador, local do camarote de um dos mais tradicionais blocos do carnaval baiano, o Ilê Aiyê. Documentos sigilosos da Lava Jato obtidos pelo Estado mostram mensagem enviada por Pinheiro a Gabas em 11 de setembro daquele ano. O nome do bloco é grafado incorretamente na mensagem. “Precisamos conversar. Queria lhe falar tb sobre um terreno do INSS, que no carnaval é o Camarote do Ylê Ayê em Salvador, perto da Pça Castro Alves.”, diz Pinheiro a Gabas.

Quinze dias depois, Léo Pinheiro envia mensagem a Rodolpho Tourinho, ex-ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique e ex-diretor da OAS, que morreu no ano passado. “Rodolpho, Preciso lhe falar sobre uma reunião com Dr Gabas (Secretario Executivo do Ministério da Previdência) e uma posterior com o Dr Nelson Barbosa, que seria coordenada pelo Gabas. Assunto: Desoneração da Folha de pagamento. qdo puder me liga. Abs. Léo”, diz a mensagem, que cita o atual ministro da Fazenda.

Na época, Barbosa era secretário-executivo da pasta. O Estado revelou nesta quinta-feira, 14, que Gabas intermediou negócios da empreiteira com o governo do Distrito Federal em 2014, época em que era comandado por Agnelo Queiroz (PT). Investigadores afirmam que “sobre Gabas, destaca-se que há trocas de mensagens ao menos desde junho de 2012, sendo um contato de pessoas vinculadas a empresas do grupo OAS com negócios relacionados ao governo”.

Atual secretário especial de Previdência Social, Gabas é próximo à presidente Dilma Rousseff. Em 2013, ele levou a petista para passear de moto em sua garupa. Ele comandou o Ministério da Previdência de janeiro a outubro de 2015, quando a pasta foi fundida com a do Trabalho. Gabas nega qualquer envolvimento com a Lava Jato.


As conversas envolvendo Gabas ocorreram entre 2012 e 2014, quando ele era secretário executivo do Ministério da Previdência. Elas foram obtidas pelos investigadores em Curitiba e remetidas à Procuradoria-Geral da República no ano passado por haver menção ao nome de Gabas. Até o momento, não há inquérito que investigue o envolvimento do ex-ministro na Lava Jato Outro lado. O secretário especial da Previdência Social e ex-ministro da pasta homônima, Carlos Gabas, disse não se recordar da conversa sobre o terreno do INSS na Bahia, mas afirmou que se desfez de terrenos da Previdência através de leilão. “Teve um interesse muito grande em terrenos da Previdência e todos os que nós desfizemos foi feito através de leilão e é descentralizado, a gerente que faz. Nós fizemos um grande processo de desmobilização”, disse Gabas. “Pode ser que o Léo tenha me perguntado, eu não me lembro o que eu respondi”, completou o ex-ministro. “Se foi feito, foi feito por Salvador.” Carlos Gabas afirmou que não representa a OAS e que seu propósito era “ajudar o DF e o governo do DF”. “Não estou na Lava Jato, não tenho nada a ver com a OAS nem com nenhuma construtora. Não defendo e nunca defendi interesse deles e tampouco recebi qualquer centavo deles. Posso garantir com tranquilidade que jamais isso aconteceu e é possível, claro, se esclarecer e provar o que estou dizendo”, disse o secretário especial.

Gabas reconheceu mensagens enviadas e recebida por ele. Ele ressaltou que participou de reuniões por integrar, desde 2010, o conselho de administração da Novacap, estatal do Distrito Federal responsável pela execução de obras. “Não era representante da OAS, representante de ninguém. Ajudava o DF. (Nas) horas vagas, não no meu horário de trabalho, (participava de) reuniões que eu pudesse colaborar até dentro do conselho onde eu atuava, na Novacap”, disse o secretário. Gabas disse ainda que pediu afastamento do conselho no final do ano passado. Ele admitiu ser autor das mensagens atribuídas a ele e disse que conheceu Léo Pinheiro, ex¬presidente da empreiteira, no aniversário de um amigo em comum. “Não tive muitos contatos com ele. Encontrava socialmente”, afirmou.

Em nota, a OAS informou que “a empresa não tem nada a comentar a respeito”. O ex-vice-governador do DF Tadeu Filipelli disse que não irá se manifestar por desconhecer o teor das mensagens. O advogado Paulo Guimarães, responsável por defender Agnelo Queiroz, afirmou que o ex¬governador só irá se pronunciar quando tiver acesso ao inteiro teor das mensagens

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