Política

Sentindo-se abandonado, Delcídio revela mágoa a quem o visita na prisão

Publicado em 20/01/2016, às 06h50   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Preso num quartel do Batalhão de Policiamento de Trânsito em Brasília, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) tem recebido visitas de amigos e familiares no quarto onde está detido. Lá, tem uma pequena antessala, com um sofá de dois lugares. Numa mesa redonda, há papéis espalhados e um computador no qual lê e estuda seu processo.
Aos que o visitam, classifica seu caso como uma “excrescência jurídica”. Delcídio é um pote de mágoas com o PT, em especial com o presidente do partido, Rui Falcão, que, na época de sua prisão, disse que a sigla não lhe prestaria solidariedade.
Em conversa com os que o procuram, Delcídio, após o esquecimento dos petistas, insinua que vai abrir a boca:
— Agora, estou liberado! — afirma aos amigos e advogados, batendo as costas de uma mão sobre a outra, num gesto de que pouco está se importando.
Delcídio se sente abandonado pelo PT e não faltam farpas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem conhece de longa data. Sobre a presidente Dilma Rousseff, o senador diz que ela foi enganada por auxiliares que a fizeram crer que a Operação Lava-Jato poderia não atingir seu governo.
No quarto que ocupa no quartel, Delcídio tem frigobar e uma TV que só sintoniza canais abertos. As refeições são levadas por sua esposa, com frequência. Nos últimos dias, tem recebido a visita da mãe, que deixou a fazenda onde vive em Campo Grande (MS) e viajou para Brasília. Seu propósito é deixar a capital federal somente depois que o filho ser solto.
Delcídio está de cabelo curto e usa roupa comum. Apresenta no corpo marcas de mordidas de muriçoca, que adquiriu quando estava na dependência da Polícia Federal, antes de ser transferido. Tem direito a banho de sol. Toda pessoa que o visita é fotografada e deixa seus pertences na entrada.
O senador reforçou sua defesa. Acaba de contratar o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ex-corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Gilson Dipp, que também presidiu a Comissão Nacional da Verdade. Dipp já se reuniu com Delcídio no batalhão e disse ao GLOBO que atuará apenas na defesa dele no Conselho de Ética do Senado. O jurista é também autor de um livro, lançado ano passado, sobre delação premiada. Não soube dizer, porém, se seu cliente vai aderir a esse expediente.
— Não falei com ele sobre isso — disse Dipp.
O advogado afirmou que não atuará na defesa de Delcídio no Judiciário em função de suas relações com juízes e ministros de tribunais superiores.
— No Judiciário, tenho muitas ligações. Por razões óbvias, não posso atuar. Mas é um caso muito instigante, do ponto de vista doutrinário, envolve Direito Penal. É um caso interessante. Dipp disse que Delcidio está bem, tranquilo.
O senador também revela mágoas com Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, também preso na Lava-Jato. Foi a gravação de um filho de Cerveró que o pôs na cadeia e na situação atual. Ele conta aos amigos que ajudou muito Cerveró e sua família quando os dois trabalhavam juntos na estatal.

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