Política

ACM Neto nomeia políticos em cargos técnicos com salários estratosféricos

Publicado em 27/01/2016, às 09h55   Cíntia Kelly (@cintiakelly_)


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Reza a lenda que para se ter um bom cargo com alta remuneração há de ser amigo do rei. Um bom exemplo é a prefeitura de Salvador. Os maiores salários giram em torno de R$ 14 e R$ 19 mil. As funções variam entre assessor especial e assessor especial do prefeito. Os requisitos para ocupação do cargo são uma incógnita, mas alguns têm ligação de amizade com Neto, com o grupo do qual ele é oriundo e outros fazem parte do rol de novos aliados. Exemplo:  ex-presidente do Sindicato dos Rodoviários e ex-deputado estadual, J. Carlos Silva rompeu com o governo do PT e se aliou a Neto. Em retribuição - ele tem votos no subúrbio -, ele virou assessor especial do prefeito, com salário de R$ 14.682,52.

Na mesma linha de beneficiar os novos aliados, o deputado estadual Alan Sanches (sem partido) teve a irmã nomeada por Neto após romper com o governo de Rui Costa. Com o rompimento, o filho de Alan, vereador Duda Sanches (DEM), pulou para a base do prefeito. Em compensação, Ana Amélia Sanches foi nomeada assessora especial da prefeitura com salário de R$ 12.278.

Ela havia sido exonerada em meados do ano passado do cargo de assessor técnica da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa). A exoneração foi um dos motivos que levaram Alan Sanches a romper com Rui.

Os agraciados pelo prefeito vão desde ex-vereador, passando por filha de deputado federal, filho de aliado e parente ‘distante’ de ACM Neto. Os dados estão disponíveis no site do Tribunal de Contas dos Municípios (www.tcm.ba.gov). Filho do ex-deputado estadual Carlos Gaban com uma prima de Neto, Luís Henrique de Magalhães Gaban é secretário particular do prefeito, cujo salário é igual ao de J. Carlos.

A filha do deputado federal Benito Gama, Taissa Teixeira Vasconcellos, foi nomeada recentemente diretora de Turismo da Prefeitura de Salvador. Antes de Benito romper com o governo do PT, Taissa era coordenadora da Superintendência de Construções Administrativas (Sucab), extinta na gestão atual.

Apesar de ter dado o cargo para o PTB, o partido no município é independente e no Estado é oposição ao governo. Entretanto, dois dos três petebistas que têm mandato, apoiam Rui Costa. São o deputado federal Antônio Brito e o vereador Edvaldo Brito, filho e pai. Taissa, diga-se de passagem, vai se candidatar a vereadora. Nas urnas vai usar o sobrenome do pai.

A lista de beneficiado pela generosidade do prefeito continua. Filho da ex-prefeita de Candeias e ex-deputada federal, Tonha Magalhães, Junior Magalhaes abandonou, por ora, as pretensões políticas ligadas ao Legislativo. Ele foi deputado estadual por dois mandatos e já disse que não pretende retonar à Assembleia Legislativa. Junior Magalhães, nomeado assessor especial do prefeito, coordenou o programa ‘Ouvindo Nosso Bairro’. O salário é de R$ 18.639.

Ex-vereadores ganham cargos

O ex-presidente da Câmara Municipal, Pedro Godinho (PMDB) não conseguiu se reeleger, mas foi agraciado com o cargo de assessor especial na gestão de Neto com salário de R$ 14.683. O também ex-vereador Wanete Carvalho ganhou cargo de gerente regional e recebe mensalmente R$ 8.400.

Ex-candidato a vice-prefeito na chapa de Mário Kertész, Nestor José Maria Neto é mais um assessor especial do prefeito. Recebe, segundo dados disponíveis no site do TCM, R$ 19.493, para exercer o cargo de diretor geral de Acompanhamento das Ações da Secretaria de Saúde. Nestor é do PMDB e vai disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores nas eleições deste ano.

Filho do Bispo Átila Brandão, o pastor Átila Brandão Junior recebe R$ 18.892 para desempenhar a função de assessor especial da subchefia de gabinete do prefeito de Salvador.  O Bispo Atila apoiou de forma direta a candidatura de ACM Neto em 2012.

Ex-vereador e ex-secretário de Saúde do então prefeito João Henrique, o ortopedista Gilberto José é assessor especial do prefeito, cujo salário é de R$ 14.683.

Aliado de décadas do carlismo, o ex-vereador Antônio Lima não foi alcançado pela generosidade de ACM Neto, quando comparado a outros nomes. Nomeado como assessor especial, Lima recebe mensalmente R$ 8.400.

Quando assumiu a prefeitura, o prefeito ACM Neto disse que ia priorizar a competência técnica na montagem de sua equipe.

OUTRO LADO

Em nota enviada ao Bocão News, a Agência de Comunicação da Prefeitura (Agecom) afirma que o prefeito ACM Neto tem “pautado a sua gestão pela competência e pelo cuidado com o dinheiro público”.

Segundo a nota, as nomeações de assessores especiais foram feitas “dentro do critério de resolver problemas sérios da cidade em regiões que esses profissionais têm conhecimento e exercem suas respectivas tarefas com presteza e dignidade”.

A Agecom criticou o uso da palavra estratosférica no título da matéria. Para a comunicação da prefeitura, chamar de estratosférico salários que variam entre R$ 14 e R$ 19 mil é “sensacionalismo e uma tentativa de desgastar a imagem da Prefeitura”.

Matéria postada originalmente às 9h55 e atualizada às 13h54

Classificação Indicativa: Livre

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