Política

Redução de área verde em Salvador é alvo de polêmica em debate do PDDU

Publicado em 01/03/2016, às 12h16   Rodrigo Daniel Silva (@rodansilva)


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Os especialistas são taxativos: o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador reduzirá drasticamente a zona verde da cidade. Os gestores negam e garantem que, pelo contrário, a proposta ampliará a área de preservação e recuperação. O assunto foi o tema principal da sétima audiência pública nesta terça-feira (1ª), no Centro Cultural da Câmara Municipal.
Em entrevista ao Bocão News, o urbanista Carl Von Hauenschild endossou a tese da professora Glória Cecília Figueiredo, que, em parecer, apontou uma diminuição de três mil hectares de área verde no novo plano. “Na planta tem uma redução. A gente tem que saber por que está. A gente só vai conhecer quando sobrepor as diferentes plantas, mas a prefeitura não quer disponibilizar para a comunidade técnica”, criticou, ressaltando que “se a gente continuar desmatando, como tem ocorrido nos últimos cinco anos, em 40 anos vamos ficar sem mata”.
 Urbanista Carl Von Hauenschild endossou crítica de redução de área verde
Em parecer, a educadora Glória Cecília alertou para as consequências da redução da área verde. “Essa redução de área antes classificadas como macrozonas de proteção ambiental é muito grave. De fato, trata-se da disponibilização de espaços sensíveis ambientalmente para urbanização mais permissiva. Há, com isso, um risco de maior degradação ambiental, já que os espaços de urbanização intensiva pressionavam a urbanização das áreas contíguas ou nos quais exercem influência direta”, aponta.
Os gestores municipais asseguram que o novo PDDU não diminuirá a área verde de Salvador. Em sua exposição nesta sexta, o secretário da Cidade Sustentável, André Fraga, negou a redução. Segundo ele, o plano amplia o número de parques na cidade. Pela nova proposta, a cidade passa a ter 39, enquanto no PDDU de 2008 tinha apenas cinco. Ainda conforme ele, a capital ganha 19 milhões de m² de área verde. Na avaliação de Fraga, a zona de preservação está “bem distribuída”. Esta declaração do secretário foi questionada pelos especialistas. Para técnicos, essas áreas não eram classificadas como parques, mas já eram preservadas. 
Ao Bocão News, o secretário municipal de Urbanismo, Sílvio Pinheiro, já tinha dito que a crítica dos especialistas não têm fundamento. “Não existe isso. É uma bobagem que estão falando. Não haverá redução nenhuma. As pessoas têm que estudar antes de ficar falando bobagem”, disse.
A presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, Tânia Scolfield, também nega a redução.  “Muito pelo contrário. Nós aumentamos a área verde, Savam [Sistema de Área de Valor Ambiental e Cultural]. Tenho toda a documentação que prova isso. Foi um erro de observação, de análise, tanto da promotora Hortência Pinho [que também apontou a redução] quanto da professora. Fizeram uma avaliação completamente equivocada”, assegurou Tânia Scolfield, que é umas das responsáveis pela elaboração do plano.

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