A publicação da revista IstoÉ com a narrativa de uma possível delação do senador Delcídio do Amaral (PT) que descreve intervenções do alto escalão do governo, da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula em assuntos judiciários da Operação Lava Jato ainda ecoa nos corredores de Brasília sem muita definição. A avaliação é do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que falou nesta quinta-feira (3) ao programa Se Liga Bocão na Itapoan FM.
“É preciso que Delcídio confirme, ele mesmo, não advogado. Ele é senador da República, está de licença médica, mas não está afônico ou roco, ele precisa falar. A riqueza de detalhes também impressiona”, afirmou.
Alencar, contudo, pregou que as atitudes tomadas a partir de então sejam pautadas pelo equilíbrio. “Tem uma zona de sombra nisso aí. Em nome da seriedade que tem que ser levado essa questão, tem que apurar melhor. Não se pode sair correndo e dizer que Dilma interferiu, fez lambança e tem que que ser destituída, pichada. E por outro lado não se pode falar que é mera mentira de Delcídio. Seria bom que os citados venham a público para falar e quem se sentir injustiçado que até processe o senador”, disse.
Ele também minimizou a informação ventilada durante o dia de que as denúncias dão condição para a prisão de Lula. “Não dão base porque ainda não foram confirmadas”.
Alencar acredita que a partir de Cunha novos nomes serão investigados e julgados pelo STF. “O que nós dizíamos sobre malfeitorias de Cunha foi comprovada por todos os ministros do Supremo. Se ele [Cunha] tivesse bom senso, espírito republicano, se afastaria. Vamos ter que tirá-lo com muita pressão. É a primeira vez em 193 anos de parlamento constitucional brasileiro que tem um presidente nessa condição. Precisamos recomeçar, abrir um página nova no caderno. A gente precisa reestruturar profundamente nosso sistema político partidário e a nossa cultura ética de transparência e de valores republicanos. Aqui tem muita lama, não é só no Rio Doce não”, analisou.