Política

João Henrique solta o verbo em entrevista ao Correio

Imagem João Henrique solta o verbo em entrevista ao Correio
O prefeito aponta diversos fatores para os problemas de Salvador  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/06/2011, às 15h17   Redação Bocão News



O prefeito João Henrique (PP) não tem o hábito de visitar redações e conceder entrevistas maiores, principalmente, em momentos de crise. Nos últimos ano à frente da prefeitura de Salvador João já passou por três partidos. O chefe do Executivo municipal deu uma entrevista ao Correio neste sábado e falou sobre os principais problemas de sua gestão, que para ele, na verdade, não são problemas provocados por incompetência dele, e sim do crescimento populacional acentuado na Capital do estado, além das amarras da Constituição.

Abaixo um trecho da entrevista concedida ao impresso local e publicada no site do Correio.

Vamos transformar em pergunta uma expressão que tem sido muito ouvida nas ruas: Salvador está quebrada?

Não. Salvador está ajustando suas contas. Nós tivemos um adensamento demográfico muito perverso com a cidade nos últimos anos.A falta de infraestrutura no interior trouxe muitas família a buscar sobrevivência na capital. E não apenas isso.Buscam atendimento de saúde de média e alta complexidade, que não têm no interior. Os hospitais e Salvador recebem gente até de Sergipe e da Bahia.É um fato. O interior não atende às famílias na saúde, na educação, no emprego de melhor qualificação e isso provoca um grande desequilíbrio de procura e oferta dos serviços públicos da capital. A Constituição de 88 transferiu responsabilidades federais e estaduais para os municípios, mas não lhes deu as receitas para isso. 

O senhor está dizendo, então, que os serviços públicos da cidade estão saturados. É isso?

Sim. A máquina municipal e sua estrutura administrativa estão obsoletas para atender a 12 milhões de baianos (a população do estado). Salvador não é a prefeitura de uma cidade. Ela é a prefeitura de um estado, de 415 municípios. Na hora que a coisa aperta no interior, a primeira coisa que o prefeito pensa é mandar o problema para a capital. 

O debate sobre a descentralização no estado tem sido um tema recorrente e esteve em pauta nas últimas eleições, o senhor acha que o governador (Jaques Wagner), hoje seu aliado, está pecando nisso?

Pelo contrário. O governador fez uma unidade hospitalar em Vitória da Conquista, fez o Hospital do Subúrbio, tem feito alguma coisa no interior. O problema é maior. É federal. Não há um entendimento da União em relação às regiões metropolitanas e não vai ser reforma tributária que vai resolver isso. É preciso um pacto federativo e a União assuma de uma vez por todas que esse é momento de olhar com mais atenção, com mais carinho e com mais justiça para as regiões metropolitanas do Brasil. Salvador é uma região metropolitana - agrava- se - nordestina. Não é como no Sul e no Sudeste, onde há municípios menores de bom porte no ABC paulista,no Triângulo Mineiro. Aqui não.

Um dos problemas mais graves hoje para a população da cidade, segundo pesquisas, é o trânsito. Não se vê uma ação efetiva na engenharia de tráfego e na fiscalização, sem falar no sistema viário, onde há muito não se mexe. O que a prefeitura tem feito?

Na minha primeira gestão, o principal problema era o desemprego, que hoje está lá embaixo. O segundo era segurança, que hoje está em primeiro. O trânsito era pouco notado, hoje subiu. A oferta de carros neste período de aquecimento econômico, somado à falta de transporte público eficiente criou esse fluxo tremendo nas ruas de veículos com apenas um passageiro dentro. E as ruas continuam as mesmas.O último grande investimento foi na avenida Luis Eduardo Magalhães. A cidade não tem capacidade de investimento. O BRT (Bus Rapid Transit) que nós devemos fazer agora, o novo modal de transporte público no corredor central da Paralela, vai custar R$ 570 milhões tomados emprestados pelo governo do estado junto à Caixa. Nem o governo, nem a prefeitura têm recursos.

Se tudo isso acontecer, vai dar até para se candidatar a alguma coisa em 2014, não?

Não sei. Há tantas coisas na vida que a gente não esperava e que acabaram acontecendo. Deus sempre reserva o melhor para a gente lá na frente, sobretudo quando se faz o bem. O universo acaba conspirando anos só favor. Meu futuro político será conseqüência de como eu deixar Salvador. 

O senhor acredita que a História vai lhe ser mais justa que esse atual momento?

Com certeza. Eu assisti claramente como meu pai deixou o governo, tudo o que ele viveu, todas as injustiças praticadas contra João Durval e vi depois como ele voltou consagrado pelas urnas como o senador mais votado do Norte e Nordeste. A História faz justiça. Neste segundo semestre, vocês vão ver o canteiro de obras que esta cidade vai se tornar. E espero que alguns órgãos externos _ e hoje eles são uma infinidade no Brasil_nos deixem executar obras estruturantes que estão preparando a cidade para o futuro. É preciso bom senso. Não é possível que tudo que é investimento público seja visto com grau e ar de desconfiança. O controle tem que existir, a transparência tem que existir, mas quando o bom senso prevalece a cidade ganha. Deixem a gente trabalhar que as feridas urbanas serão transformada em gentilezas urbanas.

Foto: Edson Ruiz // Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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