Política

Em evento do MST, Lula lembra Getúlio e ataca Temer

Publicado em 16/04/2016, às 11h49   Redação Bocão News (bocaonews)



Ao participar de ato contra o impeachment organizado pelo Movimento Sem Terra (MST) e de outros movimentos de moradia contra o impeachment, em Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou Getúlio Vargas e atacou diretamente o vice-presidente Michel Temer, ao dizer que um governo só pode ser legítimo se escolhido pelas urnas:

— Se o seu Temer quer ser candidato, que não seja através do golpe.

A participação da presidente Dilma Rousseff estava prevista no evento, mas foi cancelada no início da manhã. Ela mudou de ideia sobre sua presença por avaliar que seria melhor permanecer em sua residência oficial, o Palácio da Alvorada, recebendo parlamentares numa tentativa de última hora para conseguir os votos de que precisa para enterrar o impeachment na votação do plenário neste domingo.

Dilma também avaliou que a imagem dela com esses movimentos poderia prejudicá-la no trabalho de conquista de votos junto a alguns setores do Parlamento. Lula representa Dilma no evento. Embora tenha sido impedido de assumir a Casa Civil por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), tem comandado as articulações políticas do processo de impeachment.

Ao falar aos militantes, o ex-presidente Lula lembrou o suicídio de Getúlio Vargas e o exílio de João Goulart e afirmou que “a elite brasileira” parece não gostar da democracia. Ele disse que o governo Dilma não vai esmorecer:

— Precisamos dizer que, primeiro não vamos nos matar, nós gostamos da vida. E não vamos nos exilar.

Lula também atacou o vice-presidente, Michel Temer, e afirmou que a presidente Dilma não cometeu crime de responsabilidade.

— Se o seu Temer quer ser candidato, que não seja através do golpe. (....) — Por que tentar encurtar o mandato da presidente Dilma se ela não cometeu crime de responsabilidade — perguntou Lula.
Com a voz rouca, Lula disse que a conquista de votos para barrar o impeachment “é uma guerra" e que muitos deputados mudam de lado a cada hora.

— Precisamos conquistar a metade desses 513 votos para não deixá-los conquistar 342. Então é uma guerra, que sobe e desce. Parece a bolsa de valores, tem hora que o cara está com a gente, tem hora que não está mais. E você tem que conversar 24 horas por dia.

Já a secretária de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, leu uma mensagem da presidente Dilma à militância contra o impeachment. Ela pediu apoio para uma “reunificação nacional” e disse que a democracia vencerá amanhã, em referência à votação do impeachment.

— Amanhã (Domingo) não estará em jogo apenas o mandato de uma presidente eleita. A primeira mulher eleita e reeleita no Brasil. O que estará em jogo é o respeito às urnas, fundamento dos países democráticos — leu Menicucci.

E continuou:

— Somente o respeito à ordem democrática pode assegurar a reunificação nacional. Por isso, dirijo-me a cada um para pedir que continuem defendendo a democracia.

O ato contra o impeachment tem a participação de parlamentares do PT, como o senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo, que atacou um possível governo Temer ao falar com a imprensa na entrada do evento.

— O temor é de sofrermos retrocesso nas conquistas sociais — disse.

Já o senador Limdbergh Farias (PT-RJ) chegou pouco antes ao evento. A deputada Érika Kokay (PT-DF) também está no evento, organizado para prestigiar a militância, às vésperas da votação do impeachment na Câmara


Na entrada do Estádio Mané Garrincha, onde é realizado o ato, acampados e outros militantes que queiram participar do movimento — que ainda poderá contar com o ex-presidente Lula — têm de passar por detectores de metal. Os equipamentos foram instalados na entrada da área cercada ontem, dentro do acampamento contra o impeachment, em Brasília, para o ato.

Com informações de O Globo.

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