Política

Manifestantes acompanham votação do impeachment pelo país

Publicado em 17/04/2016, às 21h15   O Globo



A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que já dura 3 horas, tem arrancado gritos, palmas e lágrimas de quem acompanha voto a voto em telões instalados em pontos estratégicos de capitais como o Rio, que tem telões na Lapa e cinco na orla de Copacabana; no Vale do Anhangabaú e no Museu de Arte de São Paulo (MASP), em São Paulo; e na Esplanada dos Ministérios, Distrito Federal. Os brasileiros alternam vaias e aplausos conforme os deputados abrem seu voto. O clima e de Copa do Mundo.
Os votos contrário ao impeachment estão estão sendo alvos de reações hostis na orla de Copacabana. Chico Alencar e Benedita da Silva foram alguns dos mais vaiados agora há pouco. Já Eduardo Cunha, que votou "sim", foi aplaudido pelos manifestantes.
Mais cedo, manifestações contra e a favor se espalharam por todo o país desde a manhã deste domingo. Segundo o site “G1”, vinte e cinco estados e o Distrito Federal registram protestos. Entre os estados com protestos estão Alagoas, Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo, além do Distrito Federal.
Em Brasília, manifestantes contra e favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff protestam na Esplanada dos Ministérios. O lado sul foi reservado aos favoráveis ao impeachment, e o lado norte os que apoiam ao governo. Um homem compareceu ao protesto carregando um "caixão" de Dilma. Em balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do DF, às 18h30, a estimativa de manifestantes na Esplanada é de 57 mil pessoas. Deste total, cerca de 40 mil estão ao lado sul, espaço destinado aos manifestantes favoráveis ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Outros 17 mil estão do outro lado, em apoio ao governo. Segundo a PM, é contínuo o movimento de pessoas chegando e saindo do local. Três mil policiais fazem a segurança na Esplanada. Até o momento, não foram registradas ocorrências graves.
Os manifestantes que estavam acampados no estacionamento do Mané Garrincha, contrários ao afastamento, chegaram a Esplanada. Vestidos de vermelho, eles gritam palavras de ordem. Segundo a PM, são cerca de 7 mil. A PM informou que a situação está pacífica dos dois lados da Esplanada.
No Rio de Janeiro, a manifestação contra o impeachment é embalada por sucessos como "Rap do Silva", "Nosso Sonho" e "Rap do Salgueiro" na Praia de Copacabana. O protesto, que começou por volta das 10h30m, foi organizado pela Frente Brasil Popular e pela Furacão 2000.
Até mesmo kit anti-golpes foram vendidos na manifestação. Na esquina da Rua República do Peru com a orla de Copacabana camisetas, lenços e broches eram vendidos para quem desejava condenar o processo de impeachment.
Depois dos protestos contra o processo de impeachment pela manhã, a orla de Copacabana recebe à tarde manifestantes a favor do afastamento da presidente Dilma. Manifestantes assistem à transmissão da sessão da Câmara dos Deputados em um telão no posto 5 da Praia de Copacabana, mas em alguns momentos há falhas na transmissão. Os organizadores sugeriram que as falhas na conexão seriam uma estratégia para atrapalhar o ato. A Polícia Militar ainda não divulgou números oficiais, mas guardas municipais falam em 3 mil pessoas. Há de tudo: famílias inteiras, moradores do bairro, empresários, advogados, professores universitários e, claro, muitos ambulantes. Há mulheres de salto alto, senhores de bengala, senhoras da geração "cara pintada" de verde e amarelo, cachorros fantasiados, muitas bandeiras brasileiras. E, claro, muitos ambulantes.
O clima é tão pacífico que eles estão vendendo tanto produtos verde e amarelos quanto produtos vermelhos. Caso da artesã Angelita Carvalho, que pela primeira vez tomou coragem de vender tanto bandanas vermelhas quanto azuis ou amarelas.
À tarde, ao som do grupo Sambistas pela Democracia, manifestantes vestidos de vermelho começam a se aglomerar nos Arcos da Lapa, em ato contra o impeachment. Um telão foi instalado por organizadores para exibir a votação.
Entre os militantes, que entoam "Não vai ter golpe, vai ter luta", há esperanças de que o governo obtenha os votos necessários para interromper o processo na Câmara dos Deputados, neste domingo. 
Já em São Paulo poucos manifestantes se reúnem na Avenida Paulista, favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Um grupo pequeno protesta contra o processo no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista.
Polícias militares, no entanto, detiveram um homem acusado de cortar o pato gigante inflável da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O pato é usado como símbolo da campanha contra aumento de impostos intitulada "Não vou pagar o pato". Segundo a Polícia Militar, o acusado portava uma faca e teria cortado o pato inflável por volta das 8h30m. Ele foi levado, algemado, ao 78º DP, no bairro do Jardins, zona sul da cidade. A Fiesp disse que a entidade tem quatro patos e confirmou que um deles foi atacado pelo acusado. O principal tem 112 metros de altura e já está colocado na Avenida Paulista, em frente à sede.
O líder do movimento Vem pra Rua, Rogério Chequer destacou em seu discurso a importância da mobilização da população para cobrar que os deputados votem a favor do impeachment. Para ele, até então, o Congresso atuava independente da vontade popular. 
Também tem brasileiro protestando em Nova York e na Argentina. Na cidade americana, cerca de 15 pessoas fazem um protesto na Union Square contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Segundo impeachment
Neste domingo, vinte e quatro anos após o impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito após duas décadas de ditadura militar, a Câmara dos Deputados decide se autoriza a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A aprovação, que precisa do apoio de 342 dos 513 deputados, poderá deflagrar o fim da era de 13 anos do PT no poder.

Classificação Indicativa: Livre

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