Política

Restos a notar: bastidores, olhares e ponderações sobre a política baiana

Imagem Restos a notar: bastidores, olhares e ponderações sobre a política baiana
Bnews - Divulgação

Publicado em 01/12/2012, às 18h49   Luiz Fernando Lima (Twitter @limaluiz)*


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Praticamente em toda entrevista feita por um jornalista que resulta em uma nota, matéria, reportagem ou em uma publicação de ping pong “sobram” declarações, comentários, análises e o rescaldo que não são utilizados ali. Muitas destas são interessantes, mas ficam de fora por uma razão ou outra. Este é o conceito desta coluna. A ideia é que em conversa de repórter seja com fonte ou entre colegas, tudo que não é off pode ser usado e tudo que é usado potencialmente interessa a alguém.

Nem tão aberta assim

Na quinta-feira (29), quatro dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovaram, com ressalvas, as contas do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), referentes ao ano de 2009. Interessante dizer que apenas quatro dos sete que compõem o pleno votaram. Zilton Rocha e Antônio Honorato eram deputados e se declararam impedidos. Inaldo Paixão foi indicado este ano para o cargo pela Assembleia, não se sentiu desconfortável e relatou as contas. Pedro Lino votou contra.

Tampão

Os outros dois votos pela aprovação com ressalva foram dados por substitutos temporários de conselheiros. Sérgio Spector ocupa o assento deixado por Ridalva Figueiredo, aposentada, e deve deixar o lugar para que Gildásio Penedo (PSD) assuma a titularidade – parlamentar mais cotado para a vaga. O último é Almir Vasconcelos, que atua como conselheiro enquanto o França Teixeira está afastado.

Corpo Fora

Informação interessante a respeito das contas de Marcelo Nilo é que Antônio Honorato era o relator dos anos de 2007 e 2008. Depois de anos, se declarou impedido por razões pessoais e deixou a peteca cair em outras mãos. Houve sorteio e foram redistribuídas. Legalmente, no final de um ano julga-se as contas do ano anterior. Exemplo: nesta época do ano, os conselheiros deveriam estar debruçados sobre o balanço administrativo de 2011. Não há previsão para isso.

Vácuo

Interessante lembrar que as contas de 2007 foram aprovadas este ano. Agora, os conselheiros aprovaram as de 2009. As de 2008 e 2010 estão nas mãos de Filemon Matos e sem previsão de ir a plenário.

CMS

Os vereadores devem votar os pareceres das contas da Prefeitura de Salvador na próxima semana, conforme noticiado por diversos veículos de imprensa. Feio já está. Ilegal não é. Moral também não parece ser um dos grandes puxadores de votos. Portanto, não vai surpreender se, assim como o metrô, as contas ficarem caducando por aí. Para além, não é apenas não aplicação das verbas que está em questão. Tem mais coisa e menos transparência. #ficaadica.

CMS II

O prefeito João Henrique é político muito hábil ou tem muita sorte. Conseguiu arrastar os problemas até o último momento da gestão. Tenta numa tacada resolver, “a toque de caixa”, o problema da mobilidade urbana da Paralela com a construção de uma via pedagiada. Tenta resolver os problemas da Copa restando menos de um ano para o jogo entre as duas seleções com maior quantidade de títulos mundiais – Brasil com cinco e a Itália com quatro –, de quebra, a aprovação das contas ou rejeição é um debate secundário na Câmara Municipal.

CMS III

Baixada a poeira das eleições, o assunto no Legislativo municipal é o próximo ano. Nos bastidores, as costuras são feitas e os restaurantes onde tradicionalmente a política baiana se faz estão com os fornos funcionando a todo vapor. Político tem tara por disputa. São réus confessos deste “pecado capital”. Sendo assim, a discussão é em torno das secretariais e, principalmente, da chefia do Poder Legislativo.

Fumaça

Alguns nomes tentam se viabilizar neste cenário que é constituído como tradicionalmente o é. O prefeito eleito, ACM Neto (DEM), não fez maioria. Tampouco a oposição. Acontece que a estrutura legislativa brasileira concede ao Poder Executivo a prerrogativa de gastar e vereador precisa fazer obra para ganhar voto. Então, o grupo do meio termo, que não é nem de direita, nem de esquerda, nem de centro, tende, normalmente, a assumir a bandeira “independente” e votar a favor do governo.

Fumaça II

Na semana que passou, a reportagem do Bocão News publicou uma matéria sobre a reunião do diretório petista de Salvador com os vereadores eleitos, não eleitos e que atualmente ocupam uma cadeira no Thomé de Souza. O alvo da critica se sentiu prejudicado e perdeu a compostura. Ora, será que ele nunca buscou a imprensa para “plantar uma semente conveniente”?

Cronicamente e politicamente inviável

Dirigido por Sergio Bianchi, em 2000, o filme Cronicamente Inviável não foi um Blockbuster, mas quem viu entendeu um pouco mais sobre as relações interpessoais do país. Obviamente que numa leitura visceral e pessimista. O prefeito eleito de Salvador ACM Neto (DEM) contratou a McKinsey, para formatar o projeto de reforma administrativa para a próxima gestão. Corre que o estudo entregue ao futuro gestor previa uma redução de 11 para oito no número de secretarias. Resposta de Neto, segundo interlocutores, seria politicamente inviável fazê-lo. Contudo, o representante do DEM não vai criar pastas, como chegou a ser ventilado.

Os verdes

Pronto! ACM Neto vai anunciar o secretariado no dia 15 de dezembro. Os nomes começam a vazar e o chute é livre. Neste sábado (1º) pipocou o nome de Mauro Ricardo, secretário da Fazenda de Gilberto Kassab em São Paulo. Sabe-se que Neto pediu aos aliados nomes que podem ser aproveitados. O presidente estadual do PV, Ivanilson Gomes, é o indicado do partido. Não se sabe qual a pasta que vai ocupar. Mas o nome transita bem em vários setores políticos.

No dos outros é refresco

O talentoso Edil Pacheco pertence ao núcleo duro do samba baiano. Como bom compositor, cantor, boêmio e sambista comete seus excessos e tem seus pontos de vistas que, para muitos, nem sempre são “digestivos”. Em conversa com o Bocão News, Pacheco resolveu abrir o jogo: “Isso é uma sacanagem. Isso é um chute no meu c*. É um tiro no meu crânio”. Exagero à parte: o cara teve negado o pedido de patrocínio para realizar o já consolidado Dia do Samba na Praça Municipal. O projeto enviado ao Ministério da Cultura previa investimento de R$ 200 mil. Não rolou! Correu para Secult, nada! O pessoal do estado informou a Edil que projetos (não apresentados na resposta enviada ao site) mais interessantes foram agraciados. Pela regra: parece que faltou a Edil um bom edil.

PDT

Eleita pelo DEM, Andrea Mendonça foi para o PV com a disposição de disputar a prefeitura. Não conseguiu. Agora solta que pode ir para o PDT. Marcelo Nilo, Brust e o irmão da vereadora, Félix Jr. apóiam a ideia. É lógico que para o PDT é interessante ter um quadro como ela. #semmais


* Colaborou: Adélia Félix













* Luiz Fernando Lima é editor do Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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