Política

Com delação suspensa, dono da OAS fica em silêncio no depoimento

Publicado em 25/08/2016, às 06h05   Folhapress


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Após ver suspensa a negociação de sua delação premiada, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, ficou em silêncio durante depoimento à Justiça, nesta quarta-feira (24). 
O empreiteiro, que já foi preso na Operação Lava Jato e responde a quatro ações por corrupção e lavagem de dinheiro, tentava um acordo de colaboração, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) rompeu a negociação após o vazamento de termos da delação. 
Nesta quarta, ele foi interrogado como réu de uma ação sobre o pagamento de propina na CPI da Petrobras, em 2014. Ao juiz Sergio Moro, declarou apenas que, "por orientação dos advogados", iria permanecer em silêncio. 
Pinheiro, que ficou cinco meses preso, já foi condenado a 16 anos e 4 meses de prisão, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro em obras da Petrobras. Ele recorre em liberdade.
A ação a que responde Pinheiro e outras oito pessoas diz respeito ao pagamento de vantagens indevidas ao ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF), que foi vice-presidente da CPI da Petrobras. 
Um dos réus, o empreiteiro e delator Ricardo Pessoa, da UTC, admitiu em depoimento nesta quarta (24) que realizou o pagamento de R$ 5 milhões em doações eleitorais para Argello e outros partidos políticos do Distrito Federal, em 2014, para evitar sua convocação na CPI. 
Pessoa disse que achou o valor "muito alto", mas aceitou para "fechar o assunto". 
"Era um risco para o sistema empresarial, para a imagem da empresa, a continuidade dos negócios, a minha imagem pessoal. Eu tinha uma reputação a ser preservada, e o que eu menos queria era essa exposição", disse Pessoa. 
Ele parcelou as doações em seis vezes. 
O empresário ainda afirmou que procurou Argello por sugestão de Léo Pinheiro, durante uma conversa corriqueira. "Ele trouxe o assunto. Para mim, foi como se uma luz aparecesse", afirmou Pessoa. 
O empreiteiro acabou não sendo chamado a depor na CPI. "Cheguei a perguntar se ele [Gim Argello] garantiria 100%, e ele disse: 'Garantir 100% ninguém garante, mas 90% eu garanto'", declarou. 
A defesa de Gim Argello, preso pela Lava Jato desde abril, nega as acusações e diz que os fatos relatados pelos delatores são "inverídicos ou, no mínimo, distorcidos da realidade". 
Segundo o advogado Marcelo Bessa, o que o ex-senador fez foi solicitar doações eleitorais, jamais propina, "assim como todos os demais concorrentes [das eleições de 2014]". As doações, de acordo com a defesa, não tinham "qualquer relação com eventual atuação ilícita do então senador na condução dos trabalhos da CPI". 
Já a defesa de Léo Pinheiro, no processo, argumentou que a denúncia é "incorreta" e pediu a absolvição do empresário. Pinheiro, antes de iniciar a negociação da delação, sempre negou irregularidades.

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