Política

Prefeitura e Estado brigam pela gestão da Saúde

Imagem Prefeitura e Estado brigam pela gestão da Saúde
Investigação na Câmara Municipal é resposta contra investida da Sesab  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 14/07/2011, às 16h42   Daniel Pinto


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Alcindo da Anunciação, que está de malas prontas para “desembarcar” no PDT, conseguiu apoio de 23 vereadores para instalar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) com o objetivo de investigar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Apesar de ter superado o número mínimo de assinaturas para protocolar a CEI, Alcindo vai aguardar até o início da próxima semana para dar entrada no requerimento. “Algumas pessoas que não estavam presentes na sessão me ligaram e disseram que fazem questão de colaborar. Entretanto, independente de qualquer coisa, entrego o pedido à Mesa Diretora na segunda, dia 18, às 14h30”.

Em conversa com o Bocão News, ele listou quais serão os principais focos da investigação. “Primeiro, temos que avaliar porque o estado não tem prestado contas dos recursos repassados pelo município para atendimento de média e alta complexidade. Desde o início do governo de João Henrique ninguém sabe onde mais de R$ 250 milhões foram aplicados. Segundo, entender o que está por trás do interesse do governo Wagner em voltar atrás da municipalização da Saúde. E, por fim, queremos esclarecer o caso Neylton, funcionário da prefeitura morto dentro das instalações da SMS em 2007. Mais do que chegar até os mandantes, é preciso saber porque ele foi assassinado”.

Pelo que foi descrito por Alcindo da Anunciação o “foco” da CEI atinge em cheio o Partido dos Trabalhadores. A maior parte dos repasses do município de Salvador para o estado aconteceu no governo Wagner, o atual “comandante” da Sesab é o petista Jorge Solla e quando Neylton foi morto o titular da pasta municipal da Saúde era o também “companheiro” Luis Eugênio. Mesmo assim, o vereador garante que o objetivo não é atingir o PT. “Essa não é uma leitura correta. O que está em jogo é a moralidade na administração pública. Mas, me diga uma coisa: historicamente, qual foi o partido que mais exigiu transparência? Não foi o PT? Então, não há o que temer”.

Fantasmas do passado - Nos bastidores do poder, a informação é de que a movimentação na Câmara Municipal é uma resposta clara do Thomé de Souza ao interesse do estado em assumir a gestão plena da Saúde na capital baiana. O líder do governo no Legislativo, Téo Senna (PTC), garante que a prefeitura não está por trás da Comissão Especial de Inquérito. “Assinei o documento como parlamentar e, não, como líder. Na legislatura passada fui eu que propus essa investigação. Portanto, seria incoerência me posicionar contra”.

Apesar da posição de Téo Senna, a redação do Bocão News recebeu um documento da SMS que comprova a preocupação da prefeitura com a investida do estado contra a gestão da saúde. O texto diz que a perda da gestão plena trará prejuízos da ordem de R$ 262 milhões à administração municipal. Além disso, irá provocar o risco de demissão de servidores e o não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Clique aqui e confira!


Por outro lado, o Partido dos Trabalhadores garante que não é contra a investigação. Contanto, que ela seja mais abrangente. “Queremos que tudo seja passado a limpo. Mas, os trabalhos precisam englobar também a gestão Ideli Rocha, quando Antonio Imbassahy era prefeito. Outra coisa: estão usando o falecido Neylton como pano de fundo de intriga política. O caso já foi muito bem elucidado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. Os mandantes respondem processo e os autores já foram presos”, observou o vereador Giovanni Nascimento (PT).

Além de mexer em “fantasmas do passado”, o parlamentar sustenta que o governo Wagner não pretende assumir a gestão da Saúde. “Não é bem assim. O estado quer auxiliar a cidade a superar essa grave crise no setor, com postos fechados e sem atendimento adequado à população”.

Informações extra-oficiais dão conta de que o que está em jogo é o controle de recursos que chegam a quase R$ 800 milhões por ano. Fontes com livre trânsito no Thomé de Souza e na Câmara garantem que a CEI só ganhará corpo se o estado não desistir de assumir a gestão plena. Agora, é esperar para ver quem tem mais “bala na agulha”.

Foto: Roberto Viana/Bocão News

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