Política

Mantega atuava pela JBS, afirma delator

Publicado em 18/05/2017, às 06h48   Folhapress


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O sócio do grupo JBS Joesley Batista disse, em proposta de delação premiada, que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega também recebeu propina da empresa. Segundo o empresário, Mantega era seu contato com o PT e operava em favor do grupo empresarial dentro do BNDES.
Joesley Batista disse que tratava diretamente com Mantega os aportes do banco ao grupo J&F. Ele disse, porém, que o ex-ministro da Fazenda não arrecadava para si próprio, mas sim para o partido.
A negociação do acordo de delação premiada da JBS está em fase adiantada.
Joesley disse que havia na JBS uma espécie de conta corrente para o partido dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.  Era dessa conta, segundo ele, que saíam propinas para parlamentares petistas com a intermediação de Guido Mantega, o mais longevo ministro a comandar a economia do país, de 2006 a 2014.
Joesley disse aos procuradores que também se reunia com Luciano Coutinho, presidente do BNDES nos governos petistas, mas não menciona nenhuma irregularidade. Diz que Coutinho era duro nas negociações. Afirmou que em algumas reuniões com Coutinho parecia que Mantega já havia antecipado os assuntos da JBS para o executivo do BNDES.
Sobre Antonio Palocci, o empresário disse que o contratou como consultor para atuar como uma espécie de "professor de política" ao empresário. Disse que Palocci não interferiu nas demandas da JBS junto ao BNDES, mas pediu a ele doação de campanha via caixa dois. Foi atendido.
O dono da JBS afirmou aos procuradores que não tinha intimidade com o ex-presidente Lula. Mas narrou um encontro em que teria reclamado com o petista que as doações estavam atingindo cifras astronômicas, tanto no caixa um quanto no caixa dois. Elas estariam chamando a atenção, segundo Joesley. Lula teria ficado calado, segundo o relato do empresário.
OUTRO LADO
O advogado de Guido Mantega, Fábio Tofic Simantob, não quis comentar as denúncias. Em recente entrevista à Folha, o ex-ministro negou envolvimento em irregularidades e afirmou que acusações como as de executivos da Odebrecht eram "ficções" para conseguir fechar delação premiada, histórias "inverossímeis" e sem provas.

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