Política

Presidente da holding J&F diz que Aécio pediu propina para pagar advogados

Publicado em 18/05/2017, às 06h53   Redação BNews


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A delação de Joesley Batista, que preside a holding J&F, controladora de empresas tão distintas como a JBS (dona das marcas Friboi e Seara) e a Eldorado, revela que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi gravado pedindo R$ 2 milhões a ele para pagar sua defesa na Operação Lava Jato. Aécio é alvo de cinco inquéritos na investigação. O pedido do tucano teria sido atendido e a quantia, entregue a um primo do senador. O recebimento do dinheiro teria sido filmado pela PF.
Segundo Joesley, o encontro dele com Aécio aconteceu no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo.
A gravação da conversa entre eles teria duração de 30 minutos e foi entregue à Procuradoria-Geral da República. No diálogo, o senador diz que quem faria sua defesa seria o advogado Alberto Toron.
O dinheiro, segundo a investigação da Polícia Federal, não chegou ao advogado. Na conversa, Joesley e Aécio combinam como seria feita a entrega do dinheiro.
"Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança", disse Joesley ao tucano.
Aécio respondeu que o recebedor seria alguém da sua confiança. "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho", respondeu Aécio, segundo a delação do empresário.
Fred é o apelido de Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador e ex-diretor da Cemig. Ele foi um dos coordenadores da campanha do tucano à Presidência, em 2014.
O responsável por levar o dinheiro destinado à Aécio teria sido o diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud. Teriam sido quatro entregas de R$ 500 mil cada uma.
A imagem mostraria que Fred repassou as malas de dinheiro para um assessor do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), chamado Mendherson Souza Lima. Mendherson teria seguido com a propina para Belo Horizonte, sendo seguido por policiais federais.
As investigações revelaram que o dinheiro foi parar na empresa Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo Perrella, filho de Zeze Perrella.
O presidente do PSDB na cidade de São Paulo, Mário Covas Neto, pediu a saída do senador da presidência nacional do partido.
OUTRO LADO
A assessoria de Aécio diz que ele "está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos". Quanto à relação com Joesley, a nota diz que "ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público". Segundo a reportagem apurou, Aécio deve assumir que pediu dinheiro a Joesley. Ele deve afirmar que solicitou os recursos para pagar dívidas e que se trata de um negócio privado, sem contrapartidas.

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