Política

Não renunciarei, afirma Temer

Publicado em 18/05/2017, às 16h14   Luiz Fernando Lima


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A renúncia de Michel Temer (PMDB) dada como certa no início da tarde desta quinta-feira (18), acabou não saindo neste momento. O presidente optou, após extensivas reuniões, por não deixar a rampa pela porta dos fundos. Na última sexta-feira (12), o peemedebista completou um ano à frente da presidência.

No pronunciamento oficial, Temer repetiu o que havia dito na nota oficial de quarta-feira (17) que nunca autorizou ou solicitou dinheiro. "Quero deixar muito claro que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. A revelação de conversa, gravada clandestinamente, trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada".

O presidente ainda falou que não se pode jogar no "lixo da história tanto trabalho feito em prol do país. Ouvi realmente o relato do empresário que por ter relações com o ex-deputado auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse".

No que se refere à abertura de investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), Temer afirmou que "será território onde surgirão todas as explicações. E no Supremo demonstrarei que não tenho nenhum envolvimento nestes fatos. Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei da correção de meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Esta situação de dubiedade e dúvida não podem persistir muito tempo. Se foram rápidas nas investigações clandestinas não podem tardar nas soluções".

Contudo, na manhã desta quinta, o ministro das Cidades Bruno Araújo (PSDB) entregou o cargo, sendo a primeira baixa pública. O Congresso Nacional amanheceu sem a tropa de Temer o que indica, nos bastidores, o isolamento do presidente e que o potencial destrutivo das delações é imensurável. 

Conforme apurou a reportagem do BNews, as declarações do senador Ronaldo Caiado, líder do DEM, que sugerem a renúncia seguida de convocação de eleições diretas, refletem o sentimento da base de Temer no Congresso. Com índices de popularidades abaixo dos 5% o que dá sustentação ao presidente é a base aliada.

No entanto, a habilidade de negociar com o Legislativo não foi suficiente para garantir a Temer representantes de peso na sua defesa. A trincheira foi esvaziada e os tucanos desembarcaram também. A diferença entre os representantes do PSDB e do DEM é que os primeiros defendem eleições indiretas e os segundos as diretas.

Para além, já se discutia na Câmara dos Deputados a linha sucessória. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), é investigado pela Lava Jato e recebeu dinheiro de OAS, UTC, Odebrecht e ainda paira sobre ele o “risco”, conforme relatado à redação deste site, da possibilidade real de estar na delação de Eike Batista.

O presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE), também teve outro inquérito aberto nesta quinta. Nos corredores do Congresso Nacional circula a informação de que a presidente do SFT, Carmén Lúcia, pode assumir para convocar eleições.

Confira a nota na íntegra: 

       Olha, ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao País. E, desde logo, ressalto que só falo agora - os fatos se deram ontem - porque eu tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente, ao Supremo Tribunal Federal, acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.
       Quero deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de empregos, criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam, no Congresso Nacional. Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.
       Portanto, todo um imenso esforço de retirar o País de sua maior recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do País. Houve, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário.
Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação,  não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizassem o meu nome indevidamente. E por isso quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território, onde surgirão todas as explicações. E no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.
       Não renunciarei, repito, não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida, para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Esta situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a estas investigações.
Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E é só este compromisso que me guiará.
Muito obrigado. Muito boa tarde a todos.
Atualizada às 17h29

Classificação Indicativa: Livre

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