Política

Temer diz que gravação é 'fraudulenta'

Publicado em 20/05/2017, às 15h07   Folhapress


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Em pronunciamento na tarde deste sábado (20), o presidente Michel Temer afirmou que a gravação de que foi alvo foi "fraudulenta e manipulada" e atacou o delator Joesley Batista, da JBS.

"Ele cometeu o crime perfeito. Enganou os brasileiros e agora mora nos Estados Unidos. Quero observar a todos vocês as incoerências entre o áudio e o teor do depoimento. Isso compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado."

Temer, trajando camisa social e sem gravata, confirmou que vai pedir ao Supremo a suspensão do inquérito até que sejam avaliadas as gravações.

"Continuarei à frente do governo", finalizou.

Este foi o segundo pronunciamento do presidente desde que veio à tona o conteúdo das delações de Joesley Batista e de outros executivos da JBS.

A partir delas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de investigação ao STF (Supremo Tribunal Federal) por ter identificado indícios da existência de três crimes: obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.

As revelações levaram o governo a sua maior crise no pouco mais de um ano desde que Temer assumiu o Planalto, em maio de 2016.

Na quinta-feira (18), Temer fez um rápido pronunciamento para rebater as acusações de Joesley Batista de que deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na fala em tom duro, o presidente disse que não renunciaria ao mandato.

Na sexta-feira (19), porém, novas acusações surgiram contra Temer e o agravamento da crise fez com que aliados o pressionassem a deixar o cargo.

Agora, a defesa do peemedebista, comandada pelo advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, argumenta que a investigação não pode prosseguir enquanto não for analisada a validade da gravação de uma conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista, que embasou a abertura do inquérito.

A estratégia de Temer é contestar a legalidade da gravação, atacando falhas no áudio entregue à PGR (Procuradoria-Geral da República), para tentar postergar o avanço da investigação.

A avaliação do Planalto é de que há caminhos para salvar Temer das acusações feitas contra ele no âmbito jurídico, mas a suspensão do inquérito seria importante para reduzir o peso político que a condição de investigado confere ao presidente

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