Política

Janot diz que Miller pode ter oferecido facilidades à J&F

Publicado em 05/09/2017, às 06h08   Redação BNews


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Em despacho apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, detalhou o conteúdo dos grampos que foram entregues por executivos da J&F, e que podem cancelar o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF). 
Segundo a colunista Mônica Bêrgamo, do jornal Folha, que teve acesso ao despacho do procurador, os grampos continham conversas entre Joesley Batista e advogados e executivos da empresa - entre eles, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.
"Em conversa gravada possivelmente no dia 17/03/2017, [os colaboradores] mencionam supostos ilícitos envolvendo a participação de um procurador da República que estaria auxiliando os interlocutores, inclusive a pretexto de influenciar a decisão do procurador-geral da República, em futura aproximação para negociação de acordo de colaboração premiada com o MP".
Em outro momento, Janot salienta que, nesta época, "nenhum dos atuais colaboradores, direta ou indiretamente, haviam buscado tratativas com a PGR", o que só ocorreu no dia 27/03.
"Em alguns trechos", segue Janot, "Ricardo Saud afirma [no áudio] que já estaria 'ajeitando' a situação do trupo empresarial J&F com o então procurador da República Marcelo Miller, bem como que Marcelo Miller estaria 'afinado' com eles. Em determinada passagem, os interlocutores afirmam que, quando da deflagração da operação Carne Fraca, Marcelo Miller teria enviado extensa mensagem para Francisco de Assis e Silva [advogado da J&F] tentando justificar a situação".
Ainda de acordo com o despacho, Janot relata que os executivos da J&F "depositavam esperança de que, por intermédio da pessoa de Marcelo Miller, pudessem obter facilidades junto ao PGR, inclusive sugerindo futura sociedade em escritório de advocacia em troca no processo de celebração dos acordos de colaboração premiada".
Miller foi exonerado apenas depois das conversas, no dia 5 de abril. Na sequência, se apresentou ao MPF como sócio do escritório Trench, Rossi e Watanabe, contratado pela J&F para negociação de acordo de leniência da empresa.

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