Política

Após mais de 20 anos nas mãos de Geddel, PMDB da Bahia procura caminhos

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Deputados estaduais falam em arejar o partido  |   Bnews - Divulgação BNEws

Publicado em 15/09/2017, às 07h20   Luiz Fernando Lima


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A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, na última sexta-feira (8), provocou um efeito cascata que exigirá dos peemedebistas da Bahia uma mudança de atitude não vista nos últimos 20 anos. Com quatro deputados estaduais, um federal e 46 prefeitos eleitos, o partido foi comandado com mãos de ferro pelo clã Vieira Lima nas duas últimas décadas, pelo menos.

No cenário atual, os peemedebistas discutem o espaço que terão na chapa majoritária que deve ter o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) na cabeça. O problema é que a aposta para integrar este agrupamento era o nome do próprio Geddel.

Seria candidato ao Senado novamente – foi derrotado por Otto Alencar em 2014 -, no entanto, desde que deixou o governo federal após exercer a advocacia administrativa no caso de La Vue, em novembro do ano passado, seu nome foi descartado.

Em meio a este debate, o presidente da sigla em Salvador, deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, sempre afirmou que não faltam nomes para o partido indicar e que o PMDB tem quadros capacitados para integrar a majoritária.

De fato o partido tem nomes que podem ocupar umas das vagas na majoritária. Tem mais que isso, com 61 deputados federais os peemedebistas têm o maior tempo de televisão e direito a uma fatia significativa no Fundo Partidário ou Eleitoral a ser criado.

Para além, os deputados estaduais atuam em seus nichos e não estão comprometidos com os irmãos. Leur Lomanto é líder da oposição ao governo Rui Costa (PT) na Assembleia Legislativa da Bahia. Com o nome tradicional na política baiana - o pai foi deputado federal e o avô governador da Bahia - Leur é apontado como um nome que representaria a bancada legislativa estadual na chapa majoritária, contudo, o peemedebista de Jequié está preparado para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Por outro lado, em 2006 o PMDB firmou uma aliança com o PT que elegeu Jaques Wagner governador do estado. Na ocasião, o vice foi Edmundo Pereira. Pereira foi prefeito em Brumado e não tinha expressão estadual. Ainda assim compôs a chapa vitoriosa que derrotou a dinastia “Carlista” na Bahia.

Dois anos depois de a eleição para o governo, o PMDB alcançou seu melhor momento na política estadual. Elegeu mais de 110 prefeitos em 2008 com Geddel dando as cartas na condição de ministro da Integração. 

O sucesso eleitoral fez com que os Vieira Lima buscassem um lugar mais alto na “cadeia alimentar da política”. Resolveram que era o momento de ter mais espaço no Governo e, não sendo atendidos, romperam.

Com a ruptura, Geddel lançou-se candidato ao governo. Sonho antigo do clã. Ficou em terceiro lugar e viu Jaques Wagner vencer no primeiro turno. A derrocada começou aí. Os peemedebistas sempre tiveram bancadas legislativas fortes e volumosas no cenário nacional, mas a ala baiana contribui pouco para isso. Elegeu apenas Lúcio Vieira Lima nas duas últimas eleições.

Colbert Martins, político de Feira de Santana com mandatos na Câmara dos Deputados, passou a ser coadjuvante e desidratou eleitoralmente, assim como outras lideranças do partido.

O novo contexto coloca para os remanescentes não vinculados aos malfeitos de Geddel a necessidade de tomar uma decisão para garantir a sobrevivência política: precisam tomar o partido e realinhar as forças.

Leur Lomanto Júnior diz que o partido é maior que Geddel e que precisa ser respeitado. Evita falar dos caciques, mas sabe que a responsabilidade é grande neste momento. Pedro Tavares vai na mesma linha. Hildécio Meirelles, que foi prefeito de Cairú, já externa de forma mais enfática a necessidade de mudança.

“O partido tem que caminhar. É fundamental que o partido continue caminhando e abrindo as portas. Ainda é cedo para dizer o que fazer na eleição, mas precisamos nos fortalecer e trazer lideranças fortes. Precisamos de alguém que seja um líder de porte estadual para fazer o partido crescer. É hora do partido se arejar e se oxigenar”, analisou Hildécio.

O PMDB tem pela frente a possibilidade de ficar com a administração das três maiores cidades do estado. Em Vitória da Conquista, Herzem Gusmão derrotou o PT após 20 anos de gestões petistas. Vem fazendo um governo contestável e atabalhoado, mas é prefeito da terceira maior cidade do estado.

Em Salvador, se o prefeito ACM Neto (DEM) renunciar para disputar como está desenhado, Bruno Reis assume a capital baiana. Reis, embora seja “cria política” do próprio Neto, já deu mostras de que é articulador político e vê no PMDB uma possibilidade de crescimento com independência.

Já em Feira de Santana, Colbert Martins, que é vice-prefeito, pode ficar no cargo deixado pelo prefeito José Ronaldo (DEM). O atual prefeito é tido como nome forte para disputar uma das vagas para o Senado por um partido aliado a Neto. O PV tem sido apontado como um dos caminhos prováveis, mas o próprio PMDB não está descartado.

 O deputado Luciano Simões acredita que a legenda, mesmo com o desgaste, tem capacidade de atração e que é preciso se reunir para definir os caminhos o quanto antes.                        ⁠⁠

Matéria originalmente publicada às 18h da última quarta-feira (13)

Classificação Indicativa: Livre

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