Política

Relação achacada deve complicar agenda legislativa de Temer

Reprodução
Presidente quer priorizar reforma da Previdência, ajuste fiscal e simplificação tributária  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 26/10/2017, às 18h47   Juliana Nobre


FacebookTwitterWhatsApp

Após a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), o Palácio do Planalto quer retomar, o quanto antes, a agenda legislativa. No entanto, a achacada relação entre o presidente e os parlamentares deve dificultar a votação das reformas prioritárias para o governo, como da Previdência e a Tributária. 

Em conversa com o BNews, o cientista político Jorge Almeida afirmou que a instabilidade econômica e política no país deve se manter até as eleições no ano que vem. Com isso, haverá uma deterioração social nos próximos meses. “Do ponto de vista da opinião popular, a situação do país ficará cada vez pior. O presidente mais rejeitado da história, e a manutenção da sua base no Congresso vai continuar se dando no toma lá dá cá para cumprir os interesses nacionais, que inclusive é contraditório com as medidas que vem tomando supostamente com a redução de gastos”, afirmou.

Para o especialista, a compra de votos escancarada para garantir que a denúncia não prosseguisse faz com que o presidente sofra uma pressão cada vez maior. “A fome dos deputados é muito grande. Não existe limite ético e é um poço sem fundo, pois cada vez mais que se aproxima do processo eleitoral ele terá que liberar mais verbas aos parlamentares para aprovar os interesses do governo”, explica.

Contudo, Temer segue apressado para acelerar o pacote de reformas. O presidente quer que o Congresso aprove as medidas para o ajuste fiscal e uma simplificação tributária. Discute-se a modificação das alíquotas de PIS e Cofins e uma redução da alíquota interestadual de ICMS. Quer que o Congresso, ainda, avalie a criação de um fundo de cerca de R$ 4 bilhões destinado à preservação ambiental.

Mas o deputado Jorge Solla (PT-BA) acredita que a situação não seja tão fácil assim para garantir a aprovação dessas pautas até janeiro de 2018 – como quer o presidente. “Ele tem uma base comprada. A conta é muito cara e o Brasil está pagando a conta. Bilhões de recursos que iriam para a compra de medicamentos, por exemplo, está indo para o pagamento dos acordos com os deputados”, aponta.

Do outro lado está Cacá Leão (PP-BA) que votou a favor do peemedebista. Para ele, é preciso distensionar a disputa política e aprovar medidas que façam o país crescer novamente. “É um momento que precisava ser passado a limpo. A partir dessa votação tem que se distensionar a disputa política e chegou a hora de pensar no país. A economia dá sinais de melhora, temos uma taxa positiva de crescimento melhor para 2018”.

Leão discordou que a instabilidade vai se manter até o período eleitoral. “Eu acho que não se pode chegar a esse extremo. O Congresso precisa ter maturidade para não chegar a esse ponto”.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp