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Cajado revela conversa tensa com Neto e dispara: saí porque fui leal por 30 anos. Muitos deputados queriam sair também

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Deputado, que agora está no PP, afirma que "sentia um cheiro no ar que Neto poderia não ser candidato a governador"  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 23/04/2018, às 09h25   Caroline Gois


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O deputado federal Claúdio Cajado, agora Partido Progressista (PP), revelou em entrevista ao apresentador Mário Kértesz, na manhã desta segunda-feira (23), a conversa tensa que teve prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), sobre deixar o Democratas (DEM).

Cajado, que deixou claro não ter sido levado em consideração pelo prefeito, afirmou a todo instante, durante a entrevista na Metrópole, que "eu disse a ele que só ficaria no partido se ele saísse candidato".

"Eu sentia um cheiro no ar que Neto poderia não ser candidato a  governador. Nós tivemos algumas conversas, conversas difícieis, inclusive, e o prefeito ACM Neto apresentava dez motivos para não ser candidato. Então, diante destas condições eu fui colocando que eu não acreditava num plano B. Eu só imaginava que pudéssemos conseguir uma vitória se ele fosse candidato, até porque ele se colocou como líder", afirmou.

Segundo Cajado, Neto, "como presidente do DEM, tinha as condições extremamente favoráveis para ser candidato. "Ele colocou uma série de questões que acredito que são razões que me deixavam realmente na dúvida. Agora, eu deixei claro que se ele não saísse candidato eu sairia do partido. E as nossas conversas quando eu colocava isso, no início, ele estava criando as condições que ele julgava serem favoráveis para renunciar a prefeitiura e, neste período, estavamos aguardando. Até que no final de março ele disse que daria uma posição e não deu. Disse que daria dia 16, dia 20 e o tempo foi passando e chegando o prazo de compatibilização", ressaltou.

O deputado foi além e revelou conversa com o prefeito, quando teve que anunciar a saída do DEM. A última conversa aconteceu na casa do parlamentar, que convidou o prefeito para ir lá após a negativa de Neto sobre não concorrer ao governo do Estado.

"Tive duas reuniões, não muito boas. Uma delas, inclusive, no apartamento do deputado Paulo Azi, em Braíslia. Vi que as condições não estavam sendo favoráveis para ele ser candidato e nas reuniões em Brasília eu tentava falar com ele e não tinha facilidade. Passava mensagens, ligava e tinha dificuldades de falar com ele. Eu tinha facilidade de falar antes, mas a partir do ano passado pra cá comecei a ter uma grande dificuldade em falar com o prefeito e isso é uma reclamação constante de outros deputados. E eu dizia a ele sempre que, se ele não fosse candidato, eu sairia do partido. Ele até dizia que eu estava presisonando mas, absolutamente, eu iria pressionar ele ou quem quer que seja. Só queria que ele me informasse antes. A partir desta reunião achei ele um pouco ríspido comigo, que me avisou que eu tomasse minha decisão e que ele só tomaria a dele no final do prazo", contou.

O deputado afirma que "quando percebi que o prefeito estava deixando para se decidir aos 45 do segundo tempo, uma semana antes do prazo final tomei esta decisão. Estava chegando de viagem de uma missão espcial e recebi até uma ligação dele, umas 23h e combinamoos de conversar na quinta, no gabinete dele. Senti ele tenso e realmente, naquele momento, era difícil tomar uma decisão". Foi quando Cajado revelou que convidou o prefeito ao seu apartmento para comunicar a posição de sair do DEM. 

"Eu me senti na obrigação de dar a ele a minha posição e contei: 'Prefeito, tomei a decisão de sair do Democratas'. "Ele reagiu por achar que aquele não era o momento de eu sair do partido", contou.

O deputado ressaltou, ainda, que fez isso pela lealdade que teve durante os 30 anos em que esteve no Democratas, "por este tempo todo de Carlismo, num único partido. Faço por acreditar que o Carlismo fez muito pela Bahia e sei que Neto é dedicado e determinado. Mas, ele fez uma vontade exclusiva dele".

Sobre a ida ao PP, Cajado afirma que é amigo pessoal de Ciro Nogueira, presidente nacional do partido e que, por isso, recebeu o convite e decidiu migrar para o PP. "Minha conversa com Neto sobre esta decisão foi tensa, foi díficil, mas sem agressões. Decidi por exclusiva vontade minha e tinham muitos deputados querendo sair do DEM também", revelou, sem citar nomes.

Cajado, agora, fez da oposição de três décadas seu maior aliado e, segue na base do governador Rui Costa (PT).

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