Política

Dilma vai passar a vassoura mesmo, afirma Lula

Publicado em 20/09/2011, às 15h32   Luiz Fernando Lima


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A cerimônia de entrega do sexto título de Doutor Honoris Causa concedida ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, na sede da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na manhã desta terça-feira (20), foi cercada por tudo aquilo que marcou a história do principal ícone da política nacional.

Houve os habituais elogios e destaques ao período no qual Lula governou o país, assim como, uma manifestação estudantil cobrando mais segurança na universidade e mais recursos para a educação.

Em coletiva após a solenidade, o ex-presidente afirmou que as pautas antigas dos estudantes foram todas atendidas. Sobre o aumento dos recursos destinados à educação – os estudantes pedem que 10% do PIB seja destinada ao segmento – Lula disse que o pedido anterior girava em torno de 7 a 7.5%, algo que foi contemplado no orçamento do governo Dilma até 2014. “Se me pedissem isso quando eu era presidente, este problema estaria resolvido”.

Lula também foi questionado sobre as sucessivas exonerações nos ministérios devido a escândalos de corrupção. De acordo o petista, é preciso tomar muito cuidado quando o assunto é corrupção.

“Isto (corrupção) é que nem doença ruim. Às vezes você está bem, acha que está legal, ai quando você vai fazer check-up e vê o estrago. Fazer check-up é que nem levar carro na oficina. Você chega lá e diz: o carro está com um barulhinho no escapamento! Quando chega a lista do problema assusta”, afirma.

Segundo Lula, a corrupção precisa ser investigada. “Nós dobramos o número de Policiais Federais, dobramos os investimentos em inteligência. Na medida em que se começa a investigar e que não se empurra mais nada para baixo do tapete a corrupção aparece”.

Para o ex-presidente, a única saída para não ser denunciado é não praticar atos ilícitos. “O político tem que ter casco duro. Porque se ele tremer a cada vez que alguém diga algo dele, não tem jeito. Eu acho que a presidente Dilma Rousseff está correta. Acho que ela vai continua dando prioridade a governar o Brasil, mas que ninguém pense que vai ficar impune se fizer alguma coisa errada. Se ela souber, e eu conheço bem ela, Dilma vai passar a vassoura mesmo”.

O petista aproveitou para alfinetar os adversários do DEM e PSDB. “Eu não me assusto muito não porque a direita no Brasil quando não tem o que fazer a corrupção é o único tema dela. Foi assim no tempo do Juscelino Kubitschek, quando a UDN cresceu. Ai de repente você vê o PFL falando de honestidade. Ai a gente não sabe se é piada ou se é.. De qualquer forma Deus deu boca para cada falar o que pensa”.


Eleições 2012

Ao responder uma pergunta sobre o suposto apoio que o ex-presidente teria dado ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que disputa a indicação do partido com a senadora Marta Suplicy, para a eleição de São Paulo, Lula negou que tenha declarado apoio a qualquer um dos dois. Segundo o ex-presidente, o que ele disse foi que o PT deveria apresentar nomes novos nas eleições de 2012.

Quando questionado sobre preferências na Bahia, o ex-presidente jogou a bola para o governador Jaques Wagner. “O companheiro Jaques Wagner é uma figura consolidada. Quantas pessoas imaginavam que um Galego, vindo do Rio de Janeiro, iria derrotar uma oligarquia com a facilidade que derrotou duas vezes. O Wagner é uma referencia política e ele vai ter muito peso na decisão. Ele gosta de fazer uma aliança política, ele gosta de fazer uma costura política e é isso que vale”.


DEM

Questionado por repórter sobre criticas que o presidente estadual do DEM, José Carlos Aleluia, teria feito à concessão do título de doutor a Lula, o governador Jaques Wagner ironizou. “Isso só pode ser ignorância da parte dele”.

Lula, que chegou à sala da coletiva com o governador já respondendo à pergunta, brincou com Wagner. “Tá brigando com quem”. Depois o ex-presidente tomou pé do assunto. “Primeiro, é uma iniciativa da universidade conceder e eu tenho o direito de aceitar ou não. Eu já tenho 67 títulos. Aceitei todos, mas disse que não receberia enquanto fosse presidente da República. Porque não achava correto utilizar o mandato para receber.

Para o ex-presidente, existe uma elite retrograda no país que não se conforma com o que foi conquistado. “Se ele souber que receber o título de Honoris Causa em Paris no final do mês, ele vai ficar doente”, ironizou.

Em seguida completou com uma provocação. “Se as universidades, que são centros de excelências reconhecem o trabalho, eu agora, tantos quantos títulos forem concedidos vou recebê-los. Ainda mais agora, só porque eu sei que este cidadão não gosta”, brincou.

Foto: Gilberto Júnior // Bocão News

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