Política

Desde 2015 nas mãos do Governo, espaço do Bahia Café Hall segue sem projeto e imóvel está abandonado no meio da Paralela

Adenilson Nunes
Após Governo desapropriar o imóvel em briga judicial, terreno público segue sem cuidados ou projetos   |   Bnews - Divulgação Adenilson Nunes

Publicado em 30/08/2018, às 14h35   Caroline Gois


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Mato alto, forro do teto mofado, grades quebradas e paredes quase caindo formam o cenário do antigo Bahia Café Hall, casa de eventos que funcionava na Avenida Paralela, sentido Aeroporto. Nesta quinta-feira (30), a reportagem esteve no local e presenciou o abandono do imóvel que está em terreno pertencente ao Governo Estadual. Além do cenário de sucateamento, havia também dois seguranças que estão expostos a um risco de desabamento, já que ficam na parte de dentro, no único metro quadrado ainda não alcançado pelo matagal.

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Em 2015, o BNewsnoticiou, com exclusividade, a briga judicial que reintegrou o terreno ao Governo, cuja pasta responsável é a Secretaria de Administração (Saeb), após decisão judicial de setembro de 2014, que culminou na interdição e fechamento do espaço. Na época, em conversa com o site, o sócio do Bahia Café, Guillardo Lopes Filho, explicou o processo. O governo tentava desapropriar o imóvel desde 2010. A relação entre a casa de shows e o Governo do Estado teve início ainda na gestão de Paulo Souto, em 2005, quando através de uma concessão foram abertas propostas das quais os empresários do Bahia Café Hall acataram, firmando um contrato de cinco anos para gerir o espaço público.

De acordo com Guillardo, o investimento inicial no Café Hall foi de aproximadamete R$ 1,5 milhão e o aluguel passou a ser pago em juízo desde que o caso foi parar na Justiça. O valor do aluguel girava em torno de R$ 7 mil. Na época, a Saeb, também foi procurada pelo BNews, informou que, inicialmente, a área foi cedida a um restaurante, ainda em 2005. "Tinha a finalidade de atender aos funcionários do CAB [Centro Administrativo da Bahia] e foi cedido ao restaurante Bernard dentro dos parâmetros para o funcionamento deste tipo de estabelecimento, cujo aluguel ficou no valor de R$ 7 mil", explicou a Saeb. Ainda conforme a pasta, o Bernard repassou as atividades para o Bahia Café Hall, o que é permitido, mas a atividade foi desvirtuada da função inicial. Em 2010, este contrato findou-se e o Estado disse para o empresário que não teria interesse em manter e pediu o patrimônio", ressaltou a Saeb, por meio da assessoria.

Entretanto, desde que o ímovel foi desapropriado e o Governo tomou posse, em abril de 2015, nada foi feito no local. A própria Saeb afirmou, três anos atrás, que a instalação de um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) já foi pensada para o local, mas não seguiu adiante. Ao BNews, a última informação passada pelo Governo à época é de que o local iria se transformar em um Espaço Cultural com administração da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) há dez meses sob o comando da secretária Arani Santana. 

Procurada hoje pela reportagem, a secretária afirmou que ainda não há projeto, mas que, de fato, já ouviu falar também em um projeto de Espaço Cultural.

"Não tem nenhum projeto, mas existem algumas tratativas com a Casa Civil", afirmou a secretária, ressaltando que "não acredito que ali se torne um espaço para shows".

Procurada, por meio da assessoria mais uma vez, a Saeb passou a bola para a assessoria de comunicação do Estado. Procurado, o Governo afirmou que ainda não há projeto, mas sim estudos para o local e que, uma das intenções é reservar uma parte do espaço para obras do artista plástico polonês e naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg, morto em novembro do ano passado.

O Governo não deu explicações sobre a manutenção do local ou sobre a demora em se pensar num projeto de um espaço que já está à disposição do Estado desde abril de 2015. Não não foram revelados possíveis valores de investimentos aplicados nas "fases de estudo do local". 

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