Política

Lupi mantém cargo na Câmara do Rio enquanto viaja pelo país com Ciro

Gilberto Júnior / Arquivo / BNews
Nomeado em gabinete de vereador, presidente do PDT não dá expediente no local; função é flexível, diz  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior / Arquivo / BNews

Publicado em 14/09/2018, às 07h00   Folhapress


FacebookTwitterWhatsApp

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, se mantém empregado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a despeito de estar na coordenação da campanha do presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Lupi está nomeado como auxiliar de gabinete do vereador Daniel Martins (PDT). Recebe um salário bruto de R$ 3.500, embora não dê expediente no palácio Pedro Ernesto, no centro da cidade.

As regras da Câmara permitem que assessores atuem fora do gabinete. Lupi tem viajado o país ao lado de Ciro desde o início do ano.

Martins afirma que seu subordinado tem "uma função importantíssima de auxílio ao meu mandato e ao PDT como um todo". "Ele tem uma função institucional muito importante. Faz um trabalho de base, auxilia o PDT e me auxilia em bairros e municípios da cidade", afirmou.

O presidente do PDT tem longo histórico de nomeações em cargos no poder público desde 2000, embora tenha se dedicado por quase todo esse tempo ao comando da sigla.

O último destino, no gabinete de Martins, foi revelado pelo jornal O Globo em junho. Na ocasião, Lupi disse que aguardava a aprovação de sua aposentadoria na Prefeitura do Rio de Janeiro, da qual é servidor da assistência social do município desde 1985.

O pedetista havia dito que esperava a aprovação em junho para se dedicar exclusivamente à campanha de Ciro. A aposentadoria não saiu, e Lupi permanece no cargo.

Ciro tem feito defesas enfáticas do correligionário. Disse que Lupi tem sua "confiança cega" e que ele pode assumir "a posição que quiser" num eventual governo seu.

Lupi é réu numa ação civil pública por improbidade administrativa na Justiça Federal do Distrito Federal. 
Sua última passagem pelo governo federal como ministro do Trabalho foi marcada pela recomendação de demissão feita pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, em razão de "convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido".

O pedetista teve sua primeira nomeação na Câmara Municipal em 2000. Até 2005, acumulou ilegalmente o cargo com outro posto na Câmara dos Deputados, como revelou a Folha em 2011.

Foi indicado ministro do Trabalho pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007 e demitido no fim de 2011 pela ex-presidente Dilma Rousseff. 

Três meses depois, foi nomeado pelo então prefeito do Rio, Eduardo Paes, assessor especial. Paes o exonerou dois dias depois, após a Folha revelar o caso, e classificou a nomeação como um erro político.

"Estava olhando para um ex-ministro, presidente de partido. Não pesei de maneira adequada o fato de ele ter saído do governo da Dilma por um escândalo. Pensei: 'um ex-ministro, uma figura representativa, vai voltar para um Centro de Assistência Social da prefeitura em Santa Cruz?' Pelo lado mais humano, sem avaliar a dimensão política, nomeei ele assessor do meu gabinete para dar um status. Foi uma falha. Mas o problema é quando se insiste no erro", disse Paes em outubro de 2012, às vésperas da eleição em que recebeu apoio do PDT.

O então prefeito, contudo, o renomeou em outubro de 2015 como coordenador especial de Articulação Política da Secretaria da Casa Civil, à época comandada por Pedro Paulo (MDB), que também teve apoio do pedetista nas eleições do ano seguinte. Ele voltou à Câmara após a derrota do grupo de Paes.

Função na Câmara permite flexibilidade de horário, diz Lupi

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirma que o cargo que ocupa na Câmara Municipal do Rio "tem flexibilidade" e não exige sua presença física no gabinete.

"Quando você é do gabinete, tem uma liberdade de horário. Presto meu serviço, dou minha assessoria a ele", disse.

Ao responder sobre o caso, errou o gabinete ao qual está vinculado. Negou estar subordinado a Martins —informação confirmada pela assessoria da Câmara— e disse estar empregado na liderança do PDT, ocupada por Fernando William (PDT).

"Liderança é uma função partidária também. Em todo Brasil é assim, em todos os partidos é assim, todas as lideranças têm cota para função partidária", declarou.

O vereador Daniel Martins confirmou a nomeação em seu gabinete e disse não ver incompatibilidade entre o trabalho na Câmara e da campanha. "Não vejo incompatibilidade. Lupi tem crédito, trabalha muito para o meu gabinete e auxilia muito no meu mandato. Fico confortável em ele estar também ajudando nosso companheiro Ciro Gomes", disse o vereador.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp