Política

Restos a notar: entre Wagner e ACM Neto existiu um João Henrique

Imagem Restos a notar: entre Wagner e ACM Neto existiu um João Henrique
Governador e prefeito trouxeram boas notícias nesta semana. Muitas delas tem relação com João  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 23/08/2013, às 20h03   *Luiz Fernando Lima (@limaluizf)


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Praticamente em toda entrevista feita por um jornalista que resulta em uma nota, matéria, reportagem ou em uma publicação de ping pong “sobram” declarações, comentários, análises e o rescaldo que não são utilizados ali. Muitas destas são interessantes, mas ficam de fora por uma razão ou outra. Este é o conceito desta coluna. A ideia é que em conversa de repórter seja com fonte ou entre colegas, tudo que não é off pode ser usado e tudo que é usado potencialmente interessa a alguém.

Entre o lamento e a comemoração I


Ao anunciar, na última quarta-feira (21), o resultado da licitação para a construção da linha 2, o término da linha 1 e a operação do metrô de Salvador, Wagner declarou a sua satisfação. A história recente, contudo, prega a prudência. O pragmatismo é justificado. Licitação por licitação a primeira, lá de 1999, também foi bem sucedida. De lá para cá foi só frustração para a população soteropolitana.

Entre o lamento e a comemoração II

Tão logo assumiu a CTS, responsável pelos trens e metrô de Salvador, o governador chamou os representantes do consórcio Metrosal, entre os quais figuram a Camargo Correia e a Andrade Gutierrez, para fazer o destrato sem custos. “Só pago o que a auditoria do TCU identificar como débito”.

Entre o lamento e a comemoração III

Questionado sobre a retirada do peso, Wagner foi longe. “Estou bastante aliviado. Repare, este é hoje o principal problema de Salvador. Tem algo que a gente tem que lamentar”. Ato contínuo pediu a pasta que havia levado à coletiva concedida na quarta-feira (21). “Olhem, fiz uma pesquisa. O metrô de Londres foi construído em 1863, a cidade tinha cerca de um milhão de habitantes. O de Budapeste foi construído em 1893. Paris em 1900. Nova York em 1904 e Buenos Aires em 1913. Estamos correndo atrás do tempo e por isso me alegro em estar desatando este nó”.

Entre o lamento e a comemoração IV

No mesmo dia em que criticou as empreiteiras baianas Odebrecht e OAS, o governador, em seu passeio pela história, analisou o equívoco da concepção tupiniquim de agir com o foco no curto prazo. “Os governos abandonaram o planejamento urbano. Salvador não tem calçada. A gente tem que andar se equilibrando. O caboclo quer fazer seu cooper e fica ora na calçada, ora no asfalto. Não estou culpando o prefeito. Isso é histórico. Uma visão pequena que se tem porque se quer ganhar o dinheiro e se esquece o principal que é a qualidade de vida. Quem já teve a oportunidade de visitar Paris ou Buenos Aires sabe, é cada calçada! Toda vez que viajo para fora, Fatinha fica dando risada porque eu abro os braços e digo: olha a largura desta calçada. É impressionante. Você anda em um bairro nobre de Salvador e percebe quantos bairros têm calçada?”

Interseção

Na quarta, o governador anunciou o plano para o metrô. Na quinta, o prefeito de Salvador ACM Neto apresentou o resultado da trabalhosa tarefa de organizar as contas do Palácio Thomé de Souza e estruturar o cronograma de pagamento das dívidas do antecessor. Nos dois casos, o ex-prefeito João Henrique é protagonista. No metrô, que diga-se veio antes de JH, o problema foi a desorganização e o reconhecimento de que existe uma dívida de R$ 168 milhões. “Ele praticamente confessou a dívida”, atestou Jaques Wagner. Quanto a Salvador, o problema todo foi a administração João Henrique e o débito de R$ 3.5 bilhões deixados para a atual. Ao esmiuçar o montante, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, deixou escapar que parte dos R$ 769 milhões em dívidas reconhecidas e não contabilizadas foram descobertas apenas depois de mexer no armário de JH.

Dividida a dívida I

A estratégia de ACM Neto para organizar a casa trouxe uma manobra interessante e legítima. A Secretaria da Fazenda retirou do bolo da dívida de curto prazo as instituições filantrópicas que há muito capengam devido ao não recebimento do que é devido. Somente com as filantrópicas o débito é de R$ 57.633 milhões. A dívida inicial de curto prazo com fornecedores era de R$ 559 milhões. Noves fora, o valor apresentado ficou em R$ 300 milhões. Um corte significativo.

Dividida a dívida II

Com relação às filantrópicas, ACM Neto explica que as entidades foram retiradas do bolo por já existir uma negociação avançada entre gestão municipal e Ministério da Saúde para obter recursos adicionais extras “que vai permitir que a prefeitura de Salvador tenha um cronograma de pagamento mais vantajoso e diferente para estas entidades”. As datas não foram divulgadas, mas a iniciativa demonstra os novos ares de ambos os lados da política nacional.

Emendas

Enquanto os deputados se digladiam na Câmara Federal para ter emendas ao orçamento aprovadas, os gestores municipais negligenciam as contas e colocam as cidades como impossibilitadas para receber os recursos disponibilizados. ACM Neto lembrou em conversa com repórteres que ele mesmo destinou diversas emendas, quando deputado, para Salvador e somente as da Saúde puderam ser cumpridas. “Isso (limpar o nome da cidade) nos dá mais liberdade para receber emendas parlamentares, por exemplo. Eu mesmo destinei diversas para a cidade, mas não conseguíamos executar. Agora, a gente vai poder executar na área de esportes, turismo, enfim, o município fica desimpedido”.



* Luiz Fernando Lima é editor do Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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