Política

“A bala de prata que matou a reforma da Previdência foi a delação fraudada da JBS”, analisa relator

Arquivo/Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Deputado Arthur Maia se refere ao fato ocorrido em maio de 2017, quando Michel Temer (MDB) foi acusado pelos crimes de organização criminosa e obstrução de justiça   |   Bnews - Divulgação Arquivo/Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

Publicado em 06/01/2019, às 15h07   Márcia Guimarães


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“A bala de prata que matou a reforma da Previdência foi a delação fraudada da JBS”. Foi com essa afirmação que o deputado federal Arthur Maia (DEM-BA), relator da proposta enviada pelo Governo Temer, definiu a trajetória da reforma da Previdência no Congresso. Ele se refere ao fato ocorrido em maio de 2017, quando o ex-presidente Michel Temer (MDB) foi acusado pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça. A denúncia foi fruto de delação de executivos da JBS e foi acatada posteriormente pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Para Maia, a JBS não causou o prejuízo de mais de R$ 2 bilhões apenas para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). “Prejuízo maior que a JBS trouxe para o Brasil foi fazer aquela artimanha para atingir o presidente da república e impedir, junto com Janot, a votação da reforma da Previdência”, destacou o parlamentar.

Ele conta que, naqueles dias, o governo já contabilizava cerca de 300 votos. Para a sua aprovação, a matéria precisa de, no mínimo, 308 votos, que correspondem a 3/5 dos deputados. “Eu tenho absoluta convicção que a pressa do Janot de publicizar a delação da JBS acertou o presidente da República com uma delação que, inclusive, depois foi anulada, prova cabal de que ela era uma fraude. Naquele momento, seria possível votar a reforma da Previdência, mas a bala de prata que matou a reforma foi a delação fraudada da JBS”, apontou Maia. 

Sobre o fato do ex-ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ter afirmado que o governo errou ao não tentar votar a reforma da Previdência mesmo correndo o risco de perder, o deputado discorda. “Eu gosto muito do Marun, a gente trabalhou junto na comissão especial. Depois, o Marun virou secretário geral de governo e ele queria muito, até para dar sequência ao nosso trabalho, aprovar a reforma, mas, francamente, já não havia mais clima naquele momento pós-eleição para votar a reforma. Acho que se fosse votado, perderia”, comentou. 

O deputado explicou que uma reforma da previdência para alcançar os 308 votos necessita de uma profunda articulação política. Ele disse que é preciso chamar os partidos, conversar e tratar na política, com eventuais concessões nos projetos e a votação de outras matérias que também interessam a outros segmentos e partidos. 

“Não podemos nos esquecer que a situação da Previdência está como está hoje porque a reforma proposta por Fernando Henrique Cardoso, há 20 anos atrás, perdeu por um voto. Então, não existe uma votação da reforma da Previdência, que é um tema polêmico, com o jogo ganho. É preciso que o governo se dedique à articulação política com muita intensidade para conseguir aprová-la”, ressaltou.

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