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Suíca condena projeto de deputada do PSL contra cotas

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Na avaliação dele, as cotas raciais são uma reparação histórica para a população negra  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Publicado em 16/03/2019, às 14h40   Redação BNews


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A proposta da deputada professora Dayanne Pimentel (PSL-BA) que prevê o fim da Lei das Cotas em Universidades federais e instituições de ensino técnico de nível médio foi alvo de críticas do vereador e vice-líder da oposição na Câmara de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT). Na avaliação dele, as cotas raciais são uma reparação histórica para a população negra. 

“Não retrocederemos mais, nós entramos nas universidades e vamos permanecer nelas. Nossa luta é pela ampliação das cotas e por mais políticas de permanência. Esse país tem uma dívida histórica com o povo negro”, ressaltou Suíca. O petista diz que o projeto “da aliada do presidente Bolsonaro” não dialoga com a realidade do país e não se trata de conflitos sociais e sim de reparação social.

“É como se essas pessoas brancas vivessem na Suíça. Esquecem da história de seu próprio país. Aqui a maioria da população é negra. Tiveram seus direitos negados por muito anos. Temos de ampliar o acesso a universidades para aqueles que foram historicamente excluídos. Queremos as cotas e queremos o Prouni e o Fies reforçados também. Ter privilégios é fácil, quero saber se essa deputada já sofreu racismo, o que ela entende por isso? Eu mesmo respondo: nada”, bradou o vereador. 

A proposta de Dayanne Pimentel revoga a lei de cotas está em vigor desde 29 de agosto de 2012, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT). Por conta da norma, metade das vagas nas instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação deve ser destinada a estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas ou que a família tenha renda igual ou inferior a um e meio salário mínimo por pessoa. 

Suíca lembra que as cotas raciais são proporcionais à população de pretos, pardos e indígenas de cada unidade da federação. “Utilizam da Constituição para querer fazer valer uma peça preconceituosa. A Carta Magna diz que é preciso o bem de todos independente da raça, cor, origem, sexo ou idade. Mas não é o que vemos atualmente no Brasil. O que vemos é a perpetuação da superioridade branca. Esse projeto é um exemplo disso. Aqui o povo negro vai lutar para não ter de enfrentar racismo até em um atendimento a banco. Atitudes reforçadas pelo presidente que ela ajudou a eleger e que vai derrubar o país”, reclamou.

Em nota, a deputada Dayane Pimentel informou que há uma vinculação automática entre as cotas raciais e sociais no artigo da referida Lei de Cotas e que, para a desassociação, já que a proposta busca apenas suprimir as cotas raciais, haverá, no mesmo projeto, substituição dos termos.

"O PL apresentado busca suprimir pura e simplesmente as cotas raciais. Por ser um artigo vinculado às cotas sociais, as quais apoio, o projeto foi apresentado sem essa separação. Isso será sanado por meio de termos substitutivos. Friso, assim, cumprir meu compromisso de campanha: suprimir cotas raciais e manter as sociais”, explicou.

Atualizada em 18/03

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