Política

Relatório da Previdência é “nefasto” e mantém “coluna vertebral” de projeto do governo, diz Alice

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Deputada quer libertação do ex-presidente Lula, após diálogos entre Moro e Deltan Dallagnol  |   Bnews - Divulgação Marcos Maia/ BNews

Publicado em 14/06/2019, às 09h52   Marcos Maia e Bruno Luiz


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A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou nesta sexta-feira (14) a relatório da reforma da Previdência, apresentado na quinta (13) pelo deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) em comissão especial na Câmara.

Para a parlamentar baiana, mesmo com alterações em relação ao projeto de lei enviado ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro, o parecer mantém “a coluna vertebral” do texto elaborado pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na avaliação dela, é necessária uma mudança de concepção sobre o que é a previdência social. 

“Antes dessa reforma, deveríamos fazer uma reforma fiscal. Ir atrás dos sonegadores, dos devedores para encher o caixa. Não adianta encher o caixa e colocar o peso todo nas costas dos trabalhadores. A reforma é tratada como tributo, como reforma fiscal. Não olham que tem pessoas, famílias por trás de cada contribuição. Isso é nefasto e precisa mudar”, defendeu Alice, em entrevista ao BNews durante participação na Greve Geral, que protesta contra a reforma, pela liberdade do ex-presidente Lula, contra os cortes na educação e o ministro da Justiça Sergio Moro. 

No parecer do relator, foram retirados alguns pontos, como mudanças na aposentadoria rural, no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a criação do regime de capitalização. Além disso, ficaram de fora do relatório estados e municípios.

“Vaza Jato”
A deputada também avaliou como “ação criminosa” a colaboração entre Moro e a força-tarefa da Operação Lava Jato, cujas conversas foram reveladas em reportagens publicadas pelo site The Intercept Brasil.

Nas mensagens, o ex-juiz aparece em diversas trocas de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, nas quais orienta o MPF a trocar a ordem de fases da Lava Jato, cobra a realização de novas operações, dá conselhos e pistas e antecipa ao menos uma decisão judicial. 

Alice defendeu que o ex-presidente Lula seja liberado, já que os diálogos mostram que não houve imparcialidade de Moro na condenação do petista. 

“As conversas demonstram que o juiz tinha lado, que ele foi o coordenador do processo de concatenação de dados nem sempre concatenados para levar à prisão Lula e outros. Esse processo é nulo de direito, e isso quem vai dizer é o Supremo Tribunal Federal. E, se é nulo de direito, Lula precisa ser solto”, afirmou.

Questionada sobre o fato de o ministro Luiz Fux ter sido citado por Dallagnol em uma das mensagens enviadas a Moro, a parlamentar disse esperar explicações dele sobre isso. 

“Eu confio que o próprio ministro venha à luz e demonstre que foi manietado por esta ação criminosa”, declarou. “A sociedade está perplexa e a pergunta que todo mundo se faz é que, quando chega no estamento superior, quem julga o juiz? Esta parte [do Ministério Público] conduziu multidões para o engano, o ódio e a anestesia social. Vamos pedir a CPI [para investigar os diálogos] e esperar as novas revelações”, enfatizou. 

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