Política

2 de Julho: esquerda sem Rui e corrida eleitoral na ala de Neto dão tom a desfile

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Lacuna da polarização Rui-Neto foi preenchida pela disputa na antecipada entre Bruno Reis (DEM) e Geraldo Júnior (SD)  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 02/07/2019, às 13h46   Eliezer Santos, Pedro Vilas Boas e Tamirys Machado


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A tradicional manifestação político-partidária que integra o desfile cívico do 2 de Julho teve sua expressão mais acanhada dos últimos anos. Nesta terça-feira (2), a ausência do governador Rui Costa (PT), que cumpre agenda oficial na Espanha, esvaziou a expectativa de confronto de ideias entre seu grupo e o time coordenado pelo prefeito ACM Neto (DEM).

Sem Rui, o campo de esquerda ficou sem alternativa que conseguisse aglutinar uma representatividade de oposição a ACM Neto. Vereadores e deputados se dispersaram. Foi fácil ver políticos caminhando sozinhos.

Tradicionalmente cada grupo caminha com sua liderança maior, no caso do estado com o governador Rui Costa e, na prefeitura, com o prefeito ACM Neto. Este ano, além da dispersão, uma ala independente também marchou com a trupe de Geraldo Júnior, presidente da Câmara de Vereadores.

João Leão (PP), governador em exercício, fez participação protocolar, com caminhada acelerada, rodeado apenas de pepistas, dentre os quais estava o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).

LACUNA PREENCHIDA

A lacuna da polarização Rui-Neto acabou sendo preenchida pela disputa na antecipada corrida eleitoral envolvendo nomes que, até então, estão ligados ao prefeito: Bruno Reis (DEM), vice-prefeito e visto como quadro natural para sucessão, e Geraldo Júnior (SD), que conseguiu agrupar diversos caciques partidários numa trama independente do Palácio Thomé de Souza.  

Cercado de lideranças e um bloco com 22 vereadores, devidamente uniformizados, Geraldo se comportou tipicamente como pré-candidato – com gestos e traços peculiares de postulante, incluindo abraços e fotos pousadas com crianças. 

"Estaremos juntos mesmo que as forças ocultas não permitam", disse o presidente da CMS em tom de provocação. O grupo chegou à concentração, na praça da Lapinha, trajado com camiseta verde, estampando a mensagem: “Faz o L quem está com o líder”.

Durante o percurso, o deputado federal João Carlos Bacelar (Podemos) disse que poderá apoiá-lo nas próximas eleições.

Bruno Reis, por sua vez, fez boa parte do trajeto descolado do prefeito ACM Neto, buscando interagir com as diversas frentes que acenam apoio à sua possível candidatura em 2020. 

Ao BNews, ele disse que este foi o 2 de julho mais concorrido da sua carreira política, mas desconversou se a caminhada seria uma espécie de prévia eleitoral. Segundo ele, o engajamento popular tem sido “espontâneo” e “gratificante”.

Houve ainda um grupo anexo a sua comitiva que regularmente puxava brados de apoio. Logo na saída do percurso foi nítido o tom eleitoral dos apoiadores: "Ei, Ei, agora é Bruno Reis". 

POUCA ADESÃO DE DEPUTADOS 

A festa também teve baixa participação de deputados estaduais e federais, registro que ainda pode ser creditado à ausência do governador. Os federais podem se cobrir com o argumento de agenda agitada em Brasília. 

Nesta terça-feira, o relator da reforma da Previdência fará a leitura complementar do texto e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ouvirá explicações do ministro Sérgio Moro sobre as conversas que mantinha com procuradores da Operação Lava Jato.

Ainda assim, o deputado Daniel Almeida (PCdoB) e as deputadas Alice Portugal (PCdoB) e Lídice da Mata (PSB) compareceram ao desfile e de lá embarcaram para Brasília.

ALIANÇAS

Enquanto caminhavam, caciques políticos fizeram também acenos que podem culminar em alianças para chegar ao comando do Thomé de Souza. João Carlos Bacelar (Podemos) anunciou possível dobradinha com Geraldo Júnior (SD), Alice Portugal (PCdoB) pode compor uma chapa com o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), e Leo Prates, deputado estadual licenciado e secretário de Promoção Social, não descartou manter a proximidade com a cúpula do PCdoB.

DESORGANIZAÇÃO

O ponto baixo da festa foi a desorganização na execução dos atos tradicionais, como o hasteamento das bandeiras pelas autoridades e a colocação de flores no monumento ao General Labatut. A mobilidade entre as duas cerimônias foi marcada por muitos empurrões e truculência dos seguranças que cercavam as principais autoridades envolvidas.

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