Política

Prates na SMS melhora articulação política de Neto, mas favorece Bruno Reis, avaliam aliados

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Novo secretário de Saúde pode ter caído em "casca de banana", acreditam governistas  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/ BNews

Publicado em 10/07/2019, às 13h44   Bruno Luiz


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A “dança das cadeiras” na prefeitura, anunciada nesta terça-feira (9) pelo prefeito ACM Neto, tem como objetivo principal melhorar a articulação política do governo visando as eleições de 2020. No entanto, pode ter também o efeito prático de favorecer o vice-prefeito Bruno Reis em detrimento do agora secretário municipal de Saúde, Leo Prates, na escolha do prefeito de quem disputará sua sucessão no ano que vem.

Esta é avaliação de governistas ouvidos pelo BNews, em condição de anonimato. A decisão de Neto de colocar Prates no comando da SMS foi vista como uma maneira de dar uma “sacudida” na pasta. Para aliados, a secretaria, uma das mais importantes da gestão, estava apagada sob a batuta de Luiz Galvão. Apesar de realizar um trabalho considerado bom à frente da Saúde, o ex-secretário não conseguia dar a ela a visibilidade necessária por causa de seu perfil mais técnico e pouco político.

Articulado, com boa relação com a imprensa e pela capacidade natural de produzir fatos que atraem a atenção do público e dos jornalistas, Prates conseguiria fazer a pasta “aparecer mais”, o que é do interesse do prefeito, considerando que a área é prioritária para a população. Além disso, pela trajetória política, inclusive como presidente da Câmara, ele conseguiria uma melhor interlocução da Casa com a SMS para pautar, por exemplos, eventuais projetos da secretaria. Foi o que buscou fazer na época em que esteve na Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre).

Por outro lado, a ida de Galvão para a diretoria-geral das Prefeituras-Bairro também deve ajudar a melhorar a articulação do Palácio Thomé de Souza junto à Câmara. Vale lembrar que a diretoria fica alocada na Chefia de Gabinete do prefeito, local já conhecido por ele. Galvão foi chefe de gabinete de Neto quando o agora deputado federal João Roma (PRB-BA) deixou o posto para se candidatar. A avaliação é de que ele chega como um reforço necessário nas relações com a base, fragilizadas após o governo tomar algumas “bolas nas costas” dos vereadores aliados. 

Governistas reclamam que, desde a saída de Bruno Reis e João Roma da articulação política, houve uma desarrumação nesta área e um tensionamento no diálogo com o Executivo. Eles apontam uma lacuna neste sentido, não preenchida pelo substituto de Roma, Kaio Moraes, considerado um perfil “militar demais”, ou seja, duro, protocolar. A chegada do ex-deputado estadual Luciano Ribeiro (DEM) para reforçar a articulação também não teria ajudado. O democrata nunca foi vereador de Salvador e, por isso, não conhece bem os meandros da Casa. A avaliação é de que, com Galvão próximo de Neto, ele cuidará melhor do relacionamento com os vereadores, enquanto Kaio poderá se dedicar aos assuntos mais diretamente ligados ao prefeito.

 Há também a corrente que aponta Bruno Reis como maior beneficiado pela ida de Prates para a SMS. Segundo uma figura proeminte da Câmara, o ex-presidente da Casa corre o risco de ter pisado em uma “casca de banana”. Como a Saúde é uma área de recorrentes problemas, gargalos e situações complexas de resolver, o deputado estadual licenciado pode estar fadado a ficar preso a uma pauta negativa de reclamações e cobranças da população e a apagar incêndios. Na Sempre, ele tinha mais possibilidades de se fortalecer como concorrente de Bruno na disputa pela sucessão de Neto, acreditam governistas. Agora, com Ana Paula Matos na pasta, além das chances de ver o colega se enforcar com a própria corda, o vice-prefeito não vê ninguém lhe fazendo sombra em uma área importante. Por outro lado, o sucesso na Saúde pode fazer Prates se cacifar para voos maiores. 

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