Política

Recuos de Guedes mostram resistências de Bolsonaro e Congresso a propostas do ministro

Agência Brasil
O recuo veio após uma crítica do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 06/11/2019, às 06h28   Folhapress


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O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi obrigado a fazer diferentes recuos na versão final de seu pacote pós-Previdência, uma consequência da resistência a suas propostas por parte do Congresso e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Guedes teve de desistir da proposta de inclusão de servidores inativos nos cálculos dos valores mínimos destinados a saúde e educação.

Caso essa despesa fosse computada, menos recursos para essas áreas seriam demandados para cumprir o piso.

A proposta chegou a ser inserida na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) entregue pelo governo ao Senado.

Após reações do Congresso, no entanto, a equipe econômica afirmou que os senadores vão retificar o texto a pedido do próprio governo e eliminar esse trecho da proposta.

O recuo veio após uma crítica do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"A gente vai ter muita dificuldade. Incluir inativo dentro da despesa social é um risco muito grande de reduzir o percentual de gasto na área social", disse.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi na mesma linha.

"Acaba tirando recursos que poderiam ser investidos na saúde e na educação, que é um grande gargalo. O Senado também não vai aceitar diminuir recursos de investimento na saúde e na educação", disse Alcolumbre.

Outra desistência foi a da desindexação do salário mínimo e das aposentadorias. Segundo Guedes, o pedido para a retirada dessa proposta partiu de Bolsonaro.

"Nós íamos desindexar tudo. Mantivemos indexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários a pedido do presidente Bolsonaro", afirmou o ministro em resposta a uma de poucas perguntas que respondeu ao participar do início da entrevista à imprensa. Ele se retirou alegando ter uma reunião.

"O presidente Bolsonaro é um homem de enorme intuição política. Ele disse: 'Você acaba de fazer a reforma da Previdência e você ainda quer desindexar o dinheiro dos velhinhos? Que historia é essa?' É verdade, está certo, é muito cedo", disse.

Para ele, o processo foi fruto do diálogo com a classe política.

"Nós não somos revolucionários, somos evolucionistas. O Brasil não estaria pronto para desindexar, desobrigar e desvincular tudo de uma vez. Em conversa com todos os agentes, estamos criando essa agenda de discussão", disse.

Guedes também desistiu de eliminar os pisos para saúde e educação, conforme informou a Folha.

Convencido por técnicos do governo sobre as eventuais críticas à proposta, o ministro resolveu somar os montantes mínimos para as duas áreas.

"Me avisaram que não tem como desindexar tudo. A esquerda vai atacar. Vão vir para cima. Nesse caso, eu tenho de ceder. Dinheiro de saúde e educação tem muita demanda", reconheceu Guedes em entrevista à Folha publicada no domingo (3).

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