Política

Depois ter desenho rasgado por deputado, Latuff é homageado por policiais em congresso antifascismo

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Ilustração que integrava exposição no Congresso foi retirada e destruída por parlamentar do PSL  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Redes sociais

Publicado em 27/11/2019, às 13h50   Redação BNews


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Vítima de uma tentativa de censura por parte de um deputado do PSL, que retirou e rasgou uma charge que estava em uma exposição no Congresso, o desenhista Carlos Latuff será homenageado por policiais no II Congresso Nacional dos Policiais Antifascismo. 

O desenho que causou revolta no deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), fazia parte de uma exposição pelo Dia da Consciência Negra, e mostrava um jovem negro vestido com a bandeira do Brasil, algemado e morto no chão. Ao fundo, um policial segura a arma na mão.

Um dos organizadores do evento, que será realizado em São Paulo na Associação Brasileira de Imprensa, o delegado Orlanco Zaccone explicou em entrevista ao UOL, o motivo da homenagem ao cartunista. Ele não considera o desenho ofensivo e entende que esta postura é para "rebater" o posicionamento do deputado do PSL.

"Queremos rebater a fala do deputado do PSL e mostrar que a obra do Latuff não nos ofende. Nós, policiais antifascismo, entendemos que a charge contém uma crítica ao sistema de segurança operado pelo poder político e jurídico. Quem define a política de segurança não são os agentes, mas esse poder", analisa o delegado.

Zacocone lembra que, em muitas ocasiões, os policiais também são vítimas neste processo, já que ficam expostos a um "ambiente muito cruel", que traz consequências à sua "saúde mental".

"Muitas vezes a definição dessa forma de atuar militarizada, esse genocídio da população negra, que é alvo da crítica do Latuff, também agride o próprio policial, que é jogado num ambiente muito cruel, em que expõe a própria vida", analisa o delegado. "Além disso, o fato de ele exercer funções letais faz com que fique em condição muito ruim na sua saúde mental. Ninguém fica bem no meio de uma guerra", explica.

O delegado reconhece que existe uma responsabilização dos agentes por alguns "grupos de esquerda" e que o objetivo nos debates do Congresso Antifascismo é mostrar o policial como um "trabalhador" que atende às "funções genocidas do estado".

Latuff reagiu na época à atitude de Capitão Tadeu e disse que ela comprovava a "truculência" da polícia, e que o Brasil era "realmente" um país racista.

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