Política

Cidades-deserto brasileiras são comandadas por partidos políticos; MDB e PSDB lideram

Agência Brasil
No ranking, nordeste é a região com mais cidades sem veículos jornalístico  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 30/01/2020, às 10h49   Yasmin Garrido


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O Brasil tem dois terços dos municípios, cerca de 3,5 mil cidades, sem a presença de nenhum tipo de veículo jornalístico. São os chamados deserto de notícias, que não têm coberturas locais específicas em nenhum setor, como saúde, política e segurança pública.

Desta forma, as prefeituras são controladas por partidos políticos, o que se torna um grande risco, principalmente em ano eleitoral. De acordo com levantamento feito pelo Projeto Núcleo, no ranking nacional, o MDB lidera, à frente de 1.049 gestões municipais, sendo 638 desertos notícias, o que corresponde a 18,3% do total.

Em seguida aparece o PSDB, com 805 prefeituras, sendo 429 delas sem veículos jornalísticos - 12,3% do total. Juntos, os dois partidos detêm o poder em quase um terço dos municípios brasileiros considerados desertos de notícias. PCdoB e PSC são os últimos da lista, com 1,7% e 1,4% respectivamente.

A partir da análise dos resultados, pode-se notar que os partidos que mais elegeram prefeitos no país em 2016 são também os que estão mais à frente dos desertos de notícias, muito em razão da dificuldade de acesso a informação transparente nessas cidades.

No entanto, apesar de os desertos de notícias representarem quase dois terços dos municípios brasileiros, eles abrigam apenas 18% da população, o que significa que se tratam de cidades pequenas, com média de 11 mil habitantes.

Na proporção por região, o nordeste é a que tem mais deserto de notícias - são 1.794 cidades, sendo que 1.318 delas não possuem veículo jornalístico (73,5%). Atrás estão norte (71,8%), sudeste (60,6%), sul (54,8%) e centro-oeste (39,2%).

Para elaborar a análise, o Núcleo realizou o cruzamento de dados do Atlas da Notícia com informações sobre prefeitos eleitos no Brasil, obtidas por meio do pacote Cepesp R, desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas.

Classificação Indicativa: Livre

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