Política

Bolsonaro cancela viagem e deve mudar rotina com escalada do coronavírus

Agência Brasil
Em meio a surto da doença, auxiliares consideraram que presidente não deveria comparecer a ato com aglomeração  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 12/03/2020, às 11h31   Folhapress


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Um dia depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) ter declarado que existe uma pandemia de coronavírus no mundo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cancelou uma viagem a Mossoró (RN) devido à avaliação de seus auxiliares de que, no atual quadro, é necessário evitar exposições em ambientes com risco de contaminação.

Segundo relataram interlocutores à Folha, Bolsonaro foi aconselhado que tanto o deslocamento em aeronave quanto o ato em si nesta quinta-feira (12) —num ambiente com aglomeração— seriam problemáticos no cenário de avanço da doença.

Também participariam do evento em Mossoró os ministros Sergio Moro (Justiça), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tereza Cristina (Agricultura). O ato foi cancelado e os ministros tampouco viajarão ao Rio Grande do Norte.

Marinho publicou em suas redes sociais uma mensagem em que diz que a cerimônia de entregas no estado teve que ser adiada por "razões de segurança sanitária".

"Infelizmente tivemos que adiar este nosso encontro em função de razões de segurança sanitária. A decretação ontem pela OMS de uma pandemia mundial [de coronavírus] nos obriga a ter uma maior segurança com a figura do presidente da República e com as pessoas que estão no seu entorno", disse o ministro.

Ainda segundo Marinho, Bolsonaro também permanecerá em Brasília para se debruçar sobre as negociações do Orçamento, que está em discussão no Congresso Nacional.

Assessores relataram à Folha que o presidente foi orientado a tomar outras medidas de precaução. Ele foi aconselhado a evitar aglomeração até pelo menos o mês de maio.

Bolsonaro também foi advertido a interagir menos com seus apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada. Desde meados do ano passado ele costuma descer do comboio presidencial para saudar seus simpatizantes, momentos em que troca cumprimentos e tira selfies. A orientação de seus auxiliares é que o presidente, pelas próximas semanas, se limite a acenar e a falar com o público a uma certa distância.

De acordo com o último boletim, divulgado no fim da tarde desta quarta (11) pelo Ministério da Saúde, o Brasil já soma 69 pessoas infectadas pelo coronavírus.

O governo de Pernambuco confirmou, na manhã desta quinta (12), dois primeiros casos da nova enfermidade no Estado. No Nordeste, havia quatro casos já confirmados: três na Bahia e um em Alagoas.

Em declarações recentes, Bolsonaro já minimizou a crise do coronavírus.

"Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga. Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo", afirmou o presidente na terça-feira (10), durante viagem aos Estados Unidos.

"Obviamente a queda drástica da Bolsa de Valores no mundo todo te m a ver com a queda do petróleo que despencou, se não me engano, 30%", declarou Bolsonaro, na segunda (9). "Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus. Então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo", acrescentou, no mesmo dia.

Na quinta, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi novamente questionado sobre o assunto.

"Vou ligar para o [ministro da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta. Eu não sou médico, não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento [é que] outras gripes mataram mais do que esta", declarou.

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