Ex-ministro defende independência das Força Armadas: “Não existe essa marcha junto com o governo”

Ex-ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto do Santos Cruz analisou a relação do governo Jair Bolsonaro com as Forças Armadas. Apesar do apoio da ala militar e de ministros da categoria, o general afirma a independência do Exército brasileiro, que segundo ele, não se alinha a nenhuma visão ideológica.

“Não existe essa marcha junto com o governo, a instituição, o Exército, é extremamente disciplinado, sabe as honras e referência que tem que fazer aos poderes constituídos, à população brasileira, é ligada ao Estado brasileiro, é uma consciência das suas atribuições na Constituição”, argumentou o ex-ministro em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (22).

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Santos Cruz ressalta que o “Exército não é partidário” e, portanto, não atende a um presidente somente, mas todos aqueles que ocuparem o cargo. O general admite que o grande número de ministros militares no governo Bolsonaro pode causar confusão quanto ao papel das Forças Armadas, mas garantiu que não há um movimento institucional.

Sobre as manifestação do último fim de semana que contou com a presença de Jair Bolsonaro e que pedia entre outras coisas a volta da Ditadura Militar, a promulgação de um novo AI-5 e o fechamento do Congresso Nacional, o ex-ministro disse que foram legítimas mas pouco “objetivas”. Ele defendeu o direito de se manifestar e reconheceu que a participação do presidente pode transmitir uma mensagem de envolvimento das Forças Armadas no ato.

Para Santo Cruz, que conhece Bolsonaro há décadas, a participação no manifesto não configura uma decisão do ponto de vista do líder do Executivo, mas responde muito mais à própria personalidade militarizada do presidente.