Política

Líder da bancada baiana avalia que saída de Moro aprofunda isolamento de Bolsonaro e fortalece impeachment

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Contudo, o deputado Daniel Almeida pondera que um processo de impedimento poderia paralisar a política nacional durante a pandemia do novo coronavírus  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arquivo BNews

Publicado em 24/04/2020, às 12h45   Marcos Maia


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O deputado federal, e coordenador da bancada baiana na Câmara, Daniel Almeida (PCdoB), avalia que, do ponto de vista político, o desembarque de Sergio Moro do governo representa um aprofundamento do isolamento político de Jair Bolsonaro (sem partido). Para o parlamentar, que convesou com o BNews nesta sexta-feira (24), os fatos divulgados pelo ex-ministro são "muito mais graves" e podem catalisar um processo de impeachment.

Durante entrevista coletiva, Moro afirmou que a troca do comando da Polícia Federal foi deliberadamente feita pelo presidente com o objetivo de interferir politicamente na instituição - inclusive tendo em vista a utilização da PF para produção de relatórios de inteligência de interesse próprio.

"A interferência política ficou explicita e confirmada pelo interlocutor principal dessa conversa, que é o próprio Moro. Mais do que isso, há o interesse de obstruir uma investigação sob o comando do STF [Supremo Tribunal Federal]", avalia. 

Almeida cita a apuração instaurada para averiguar a participação presidencial nas manifestações do último dia 15 - com forte teor antidemocrático.  Ele acrescenta que obstruir a justiça é algo grave e que abre justificativas claras para um afastamento.

Contudo, o deputado entende que um processo de impeachment, depende de mobilização e pressão popular - um fator da equação impossibilitado pela pandemia do novo coronavírus e pelas medidas de circulação de indivíduos.

"Causas para afastar o Bolsonaro existem, várias, e essa talvez tenha sido as mais graves delas até agora. Se medidas não forem adotadas, nós vamos autorizar táticas antidemocráticas. Outra questão é a conveniência e as condições politicas para atuar nesse cenário", analisa.

Ele pondera que tocar um processo de impedimento durante um estado de calamidade de saúde pública como o atual representa paralisar a vida política por "quatro, cinco ou seis meses", e que isso pode custar a vidas. Para Almeida, é necessário ter cuidado para não estabelecer um conflito na sociedade, e no congresso, que leve a uma convulsão coletiva. 

"Temos que refletir muito sobre a conveniência de fazer isso, se esse seria o momento de fazer esse movimento", conclui.

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