Política

Otto Alencar nega negociata do PSD com Bolsonaro e diz que nomeação de Faria é para promover "caça às bruxas" à imprensa

Vagner Souza/BNews
Para senador, escolha por genro de Sílvio Santos tem a ver com a renovação da concessão de emissoras que fazem oposição ao presidente e que é mais um ato de "cunho ditatorial"  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/BNews

Publicado em 11/06/2020, às 09h29   Luiz Felipe Fernandez


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Em meio à distribuição de cargos ao Centrão, o senador baiano Otto Alencar (PSD) negou que a nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o ministério da Comunicação, recriado por Jair Bolsonaro, faça parte da "cota do partido". O parlamentar garante que se trata de uma "decisão pessoal" do presidente, que quer alguém da sua confiança para promover uma "caça às bruxas" à imprensa.

Fábio Faria é genro do apresentador Sílvio Santos, dono do SBT e apoiador bolsonarista, alguém "do colete do paletó" de Bolsonaro, diz Otto. Para ele, a intenção é que o deputado do "baixo clero" atue na renovação das confessões à emissoras e cumpra as ameaças do presidente, que já admitiu a intenção de prejudicar a Rede Globo e outros veículos que fizeram oposição ao seu governo.

"O currículo do deputado é de ser casado com a filha de Sílvio Santos. Almoça, janta com Bolsonaro, é amigo. Não é da cota do partido, é da cota de Bolsonaro. [...] nas renovações de concessões, como tem falado sempre, fazer uma pressão política por meio de alguém que siga ele cegamente. Ele se manifestou que nao iria renovar concessão da Globo e empresas de rádio. Ele vai querer criar um 'caça às bruxas' às empresas de comunicação que se opõem a ele", declarou Otto em conversa com o BNews na manhã desta quinta-feira (11).

O parlamentar lembra, contudo, que o presidente não tem autonomia para decidir sozinho sobre as concessões, uma vez que o a renovação precisa passar pela Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicações do Congresso Nacional.

O cacique do PSD compara o movimento de Bolsonaro ao governo de Nicolás Maduro e Hugo Chávez, na Venezuela, em uma tentativa de controlar todo o sistema de comunicação. O senador explica que é a forma que o presidente encontra para tentar impor os seus ideais, já que o golpe militar que tanto "sonha" não tem apoio das Forças Armadas e, do outro lado, enfrenta a reação do Poder Judiciário e Legislativo.

"Ele sonha com isso [golpe militar], vai fazer pressão tipo Maduro fez na Venezuela e terminando com o controle do sistema de comunicação por televisão e rádio, que nem o Chávez. Outra manifestação de cunho ditatorial que deseja fazer. Até porquê ele não conseguiu impor o golpe, que ele sonha, por uma reação muito grande do Congresso, SUpremo e da imprensa", salienta.

Com 12 senadores na Casa, o PSD é um partido "eclético", reconhece Otto, e em cada estado brasileiro há uma posição em relação ao apoio ao Governo Federal. Na Bahia, garante o senador, não existe nenhuma "relação" com Bolsonaro e lamenta que a sigla não "tome decisões" em consonância. 

"Não posso impedir que o genro do Sílvio Santos seja ministro das Comunicações [...] Kassab tem um partido que em cada estado tem uma conotação diferente, um partido eclético. Mas eu gostaria muito que tomássemos decisões unidas, mas infelizmente não temos ainda unidade de comportamento", lamenta.

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