Política

Delação de Palocci sobre BTG e Lula foi baseada em notícias de jornais, diz PF

Agência Brasil
O inquérito foi encerrado na semana passada pela delegado Marcelo Daher   |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 16/08/2020, às 12h30   Redação BNews


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A Polícia Federal chegou a conclusão que as acusações feitas pelo ex-ministro Antonio Palocci, da Fazenda, sobre um caixa milionário de propinas para Lula administrado pelo banqueiro André Esteves, do BTG, não têm provas.  As acusações foram desmentidas pela investigação.

O inquérito foi encerrado na semana passada pela delegado Marcelo Daher. Ele afirmou que as informações dadas por Palocci em sua delação "parecem todas terem sido encontradas em pesquisas de internet", sem "acréscimo de elementos de corroboração, a não ser notícias de jornais". Ainda de acordo com o delegado, "as notícias jornalísticas, embora suficientes para iniciar o inquérito policial, parece que não foram corroboradas pelas provas produzidas, no sentido de dar continuidade à persecução penal".

Segundo informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o inquérito foi aberto para investigar declarações de um dos anexos da delação premiada de Palocci homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribuna Federal).

Na delação, Palocci havia dito que, a partir de fevereiro de 2011, André Esteves "teria passado a ser o responsável por movimentar e ocultar os valores recebidos" por Lula, "a título de corrupção e caixa dois, em contas bancárias abertas e mantidas no BTG Pactual S/A, em nome de terceiros".

O banqueiro teria depositado para Lula, num primeiro momento, R$ 10 milhões "de vantagens indevidas" para garantir influência no governo federal. Em contrapartida, receberia informações privilegiadas de decisões do Banco Central sobre taxas de juros. 

De acordo com Palocci, o acordo teria sido feito em 2009, durante uma reunião informal no Palácio do Planalto. Nela estariam estariam Lula, o então ministro da Fazenda Guido Mantega e o pecuarista José Carlos Bumlai.

Segundo as informações do jornal, Lula teria comunicado que demitiria Henrique Meirelles do Banco Central. Guido e Bumlai armariam o esquema com André Esteves e o novo presidente da instituição. Esteves faria as operações por meio do Fundo Bintang, administrado pelo BTG. O esquema teria sido colocado em prática no mês de agosto de 2011. 

Palocci afirmou também que André Esteves queria administrar, em seu banco, R$ 300 milhões de propinas que seriam dados ao PT pela Odebrecht. O ex-ministro "acreditava" que o banqueiro teria conversado sobre isso com Marcelo Odebrecht, numa reunião que ele, Palocci, havia marcado.

A Polícia Federal relata que foram feitas operações de busca e apreensão e que o sigilo do Fundo Bintang foi quebrado. Análises técnicas foram feitas pelo Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da PF de São Paulo. Apesar de ter lucrado no mês apontado por Palocci, não teve ganhos em outras operações feitas com base em decisões do Copom.

Intimado novamente para explicar o motivo de ter indicado especificamente o fundo Bintang como instrumento de operações com uso de informações privilegiadas, Palocci admitiu que "acompanhou as notícias do mercado na época" e que o "o nome Bintang foi o que ficou na memória".

De acordo com informações publicadas pela colunista, Marcelo Odebrecht afirmou que "houve uma certa confusão" de Palocci sobre o destino de propinas pagas pela empreiteira ao PT.

Segundo ele, André Esteves nunca administrou esses recursos. Apesar de os dois terem boa relação, o banqueiro nunca teria comentado nada com ele sobre contas que administraria para o PT. Em depoimento, André Esteves negou as acusações.

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