Política

Luta de Doria pela presidência do PSDB e pela saída de Aécio Neves gera racha interno na legenda

George Gianni / PSDB
Integrantes da executiva nacional ligados ao deputado e ex-senador Aécio Neves dizem que João Doria chegou querendo virar presidente da legenda e saiu do encontro enxotado  |   Bnews - Divulgação George Gianni / PSDB

Publicado em 10/02/2021, às 10h57   Redação BNews


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Em meio à guerra de notas na cúpula tucana, vazam versões da reunião fechada do partido na noite da última segunda-feira (9).

Integrantes da executiva nacional ligados ao deputado e ex-senador Aécio Neves dizem que João Doria chegou querendo virar presidente da legenda e saiu do encontro quase chutado dela.

“Doria, você não vai ser candidato a presidente pelo PSDB. Você não tem o apoio do partido”, teria dito um dos participantes da tensa conversa, provocando a reação de parlamentares aliados do governador de São Paulo.

Há quem já diga que a permanência de Doria entre os tucanos vai se tornando “insustentável”.

O Antagonista ouviu que Doria poderia ir parar no MDB. Procurado, Michel Temer disse, por meio do ex-deputado Beto Mansur, que não há conversas nesse sentido, mas, “no futuro, só Deus sabe”. A assessoria do governador, após a publicação desta nota, afirmou ao site que ele “não vai para o MDB, a informação não procede”.

Afastamento

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a falar em afastamento do deputado e ex-presidente do partido Aécio Neves (PSDB-MG) da legenda. "Que ele saia. É o que se espera de um parlamentar. Afinal de contas, ele foi eleito por voto popular. Então respeite o povo, respeite a democracia e respeite o PSDB", disse em entrevista coletiva.

O posicionamento do governador acontece depois de o PSDB ter se dividido na disputa pelo comando da Câmara entre Baleia Rossi (MDB-SP), apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Arthur Lira (PP-AL), vencedor do pleito e candidato do presidente Jair Bolsonaro.

O PSDB entrou oficialmente no bloco de Baleia, mas mais de metade dos deputados tucanos ficou com Lira. A vitória de Baleia era desejada por Doria, que queria uma aliança na eleição de 2022 com MDB e DEM. Aécio é aliado de Arthur Lira.

O site Congresso em Foco confirmou com aliados do paulista que ele quer suceder Bruno Araújo na presidência do PSDB em maio. Auxiliares de Doria consideram isso natural e dizem que em 2014, com Aécio Neves, e 2018, com Geraldo Alckmin, os candidatos tucanos à Presidência da República eram presidentes do partido.
Aliados de Aécio ouvidos pelo site acham que é difícil um novo pedido de expulsão prosperar. O PSDB já votou e rejeitou, no fim de 2019, uma solicitação de afastamento de Aécio. Tucanos próximos do mineiro acreditam que o novo pedido só deve avançar se houver fato novo, como uma nova denúncia ou sentença além das atuais que envolvem o ex-governador de Minas Gerais.

Processo

Apesar de não ter sido condenado, o ex-candidato a presidente nas eleições de 2014 foi alvo de pelo menos nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal após ser citado na delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS.

Somente um desses casos evoluiu e transformou o mineiro em réu, que é o que trata do empréstimo de R$ 2 milhões pedido pelo tucano para bancar sua defesa na Lava Jato.

Em nota, Aécio critica Doria e diz que ele quer se apropriar do partido. O ex-presidente do PSDB também afirmou que o governador "quer vestir o figurino de oposição", mas na eleição de 2018  "se apropriou do nome de Bolsonaro para vencer as eleições em São Paulo, através do inesquecível Bolsodoria".

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