Política
Publicado em 12/02/2021, às 13h02 Redação BNews
A República da China aproveitou a fabricação de componentes de chips de computadores para espionar os EUA por meio de uma empresa norte-americana, a Supermicro Computer Inc. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (12) pela Bloomberg, as agências federais de inteligência dos Estados Unidos sabiam das invasões desde, pelo menos, 2012, mas não avisaram a empresa nem o público.
De acordo com 14 ex-policiais federais e oficiais de inteligência ouvidos pelo site, uma investigação iniciada pelo FBI, a polícia federal norte-americana, em 2012, já indicava que havia algum tipo de crime informacional acontecendo na Supermicro. Os trabalhadores da empresa passaram a ser monitorados pelos agentes federais com base na Fisa (Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira, na sigla em inglês), que permite a espionagem de civis norte-americanos em circunstâncias especiais.
O episódio que chamou a atenção das agências de inteligência dos EUA teria sido o ataque ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em 2010. Na época, milhares de servidores do órgão estavam enviando dados de sua rede militar para a China. O que causou o vazamento direcionado seria um código de invasão escondido em um dos chips que iniciava o computador, fornecido pela Supermicro.
Além dessa invasão, outras duas também conectavam a China com a empresa norte-americana. Em 2014, a Intel Corp., uma das principais empresas de processamento de dados do mercado, descobriu que sua rede havia sido hackeada por um grupo chinês que conseguiu uma brecha em um servidor da empresa. O servidor baixou um malware junto com a atualização de componentes tecnológicos.
Já o terceiro episódio ocorreu após o início das investigações pelo FBI, em 2015. Na época, os policiais avisaram empresas que os chineses teriam escondido um chip extra nos servidores de um fabricante. Esse componente teria um código para permitir o hackeamento dos servidores.
Os resultados do inquérito do FBI não foram divulgados, mas, de acordo com a Bloomberg, em 2018, os agentes pediram ajuda ao setor privado para analisar os equipamentos da Supermicro. De acordo com uma fonte anônima que foi consultor de uma das empresas de segurança, os policiais estavam interessados nos chips adicionados às unidades.
A SUPERMICRO E A CHINA
Segundo indicado por policiais envolvidos na investigação, o FBI não acredita que a Supermicro estava envolvida nos episódios de espionagem. Jay Tabb, que foi diretor-assistente executivo do braço de segurança nacional do FBI de 2018 até se aposentar, em janeiro 2020, indicou que a invasão foi facilitada pelo atual modelo de produção de empresas de tecnologia. A Supermicro produz os componentes de seus chips na China e os distribui para todos os Estados Unidos, incluindo para órgãos do governo norte-americano.
“A Supermicro é a ilustração perfeita de como as empresas norte-americanas são suscetíveis à adulteração nefasta em potencial de qualquer produto que escolham fabricar na China”, disse ele a Bloomberg. Tabb também afirmou que esse tipo de espionagem ocorre há anos sem que as empresas estejam cientes.
A empresa norte-americana informou que nunca foi abordada pelo FBI sobre o tema e nunca soube de nenhuma espionagem sendo realizada com seus chips. E disse que o governo federal dos Estados Unidos continua comprando seus equipamentos como sempre. “A Supermicro é uma história de sucesso norte-americana e a segurança e integridade de nossos produtos são nossas principais prioridades”, disse a empresa.
Já o Ministério das Relações Exteriores da China se pronunciou por meio de um porta-voz e disse que a China nunca exigiu de empresas e pessoas informações ou dados de inteligência sobre outros países. Para o órgão, os relatos são “tentativas de desacreditar a China e as empresas chinesas”. Acrescentou ainda que as autoridades norte-americanas “inventaram a ‘ameaça da China’”.
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