Política

Demissão do presidente da Petrobras provocou perdas no BB e na Eletrobras

Alan Santos/PR
A Petrobras perdeu R$ 74,2 bilhões; o Banco do Brasil, R$ 10,8 bilhões; e a Eletrobras, R$ 280 milhões  |   Bnews - Divulgação Alan Santos/PR

Publicado em 23/02/2021, às 11h44   Redação BNews


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Através de uma canetada e meia dúzia de declarações no fim de semana, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), derrubou o valor de mercado das suas principais estatais listadas na Bolsa de Valores: Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras. O ato também mostrou que as estatais correm risco de sofrer interferência política em suas decisões de mercado, o que vai na contramão da prometida guinada liberal na economia feita por Bolsonaro na campanha de 2018.

Um levantamento da Economática, publicado pela Gazeta do Povo, mostrou que as três principais estatais federais perderam R$ 85,28 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (22). A Petrobras perdeu R$ 74,2 bilhões; o Banco do Brasil, R$ 10,8 bilhões; e a Eletrobras, R$ 280 milhões.

As ações da petrolífera foram as mais afetadas, chegando a cair 21,5% (preferenciais) e 20,5% (ordinárias). Na sexta-feira (19), a estatal já tinha visto o seu valor na Bolsa encolher R$ 28 bilhões, ao ver suas ações caírem 6% (preferenciais) e 7,5% (ordinárias). Com isso, a Petrobras viu seu valor de mercado reduzir em R$ 102,2 bilhões em duas sessões. Atualmente, a estatal vale R$ 280,5 bilhões.

A consultoria destaca que a perda de valor de mercado da Petrobras em um único pregão nesta segunda ficou atrás apenas da registrada em 9 de março do ano passado, quando o tombo foi de R$ 91,1 bilhões. O fato desencadeador na época foi uma crise entre Rússia e Arábia Saudita, que derrubou os preços do barril internacionalmente e afetou todo o setor mundial de óleo e gás. Depois, a empresa se recuperou e voltou a valer em torno de R$ 380 bilhões.

Já a causa das quedas registradas na sexta e nesta segunda-feira tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Ele pediu a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por não concordar com a política de preços dos combustíveis da empresa. Pesou também o fato de Castello Branco, que tem 73 anos e é do grupo de risco da Covid-19, estar trabalhando em home office há 11 meses: “inadmissível”, disse o presidente da República.

No lugar, Bolsonaro quer que assuma o general Joaquim Silva e Luna, atual é diretor da Itaipu Binacional. Ex-ministro da Defesa, ele não tem experiência no setor de óleo e gás. A política de compliance da Petrobras exige sólida experiência no setor para a sua diretoria. A troca precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da petrolífera. Uma reunião do colegiado está marcada para esta terça-feira (23) e o assunto estará na pauta.

A interferência direta do presidente na Petrobras leva o mercado a temer que Bolsonaro mexa também na política de preços da estatal, apesar de ele e de Silva e Luna negarem publicamente. Bolsonaro tem reclamado dos aumentos no preço dos combustíveis e cobrado maior “previsibilidade”. Hoje, os reajustes acontecem conforme variação do preço do barril do petróleo no mercado externo.

O represamento de preços já foi adotado durante o governo Dilma Rousseff (PT) e aumentou substancialmente o prejuízo e o endividamento da Petrobras. Em 2016, Pedro Parente assumiu o comando da estatal e deu início a um processo de saneamento e desinvestimentos. Castello Branco dava sequência ao plano. O temor é que todo o trabalho seja perdido em uma canetada.

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