Política

Testagem ampla e rastreamento poderiam ter evitado 120 mil mortes no Brasil, diz pesquisadora à CPI da Covid

Jefferson Rudy/Agência Senado
Bnews - Divulgação Jefferson Rudy/Agência Senado

Publicado em 24/06/2021, às 12h58   Luiz Felipe Fernandez


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A médica Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional e representante do Movimento Alerta, que analisa as mortes de Covid-19 no Brasil desde abril de 2020, disse nesta quinta-feira(24) em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que cerca de 120 mil vidas poderiam ter sido salvas caso o país tivesse apostado na testagem em massa e no rastreamento dos contaminados.

Provocada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) a fazer uma reflexão sobre como as medidas que poderiam evitar as mortes foram implementadas no Brasil, Jurema respondeu que faltou uma "liderança nacional", que dispõe das informações e poder necessário para emitir uma "mensagem única" em meio à pandemia.

No início da sua fala à CPI, ela mostrou uma pesquisa que relata que pessoas de maior renda se testaram três vezes mais do que pessoas pobres, o que contribuiu significativamente para a maior letalidade desse segmento social.

O epidemiologista Pedro Hall concordou sobre a falta de testes no Brasil e afirmou que não existe no país nem uma tentativa de se rastrear os casos do novo coronavírus.

"Ninguém pergunta para quem tem Covid, com quem elas tiveram contato", aponta o pesquisador, criador do EPICOVID, maior estudo sobre coronavírus do país.

IMUNIDADE DE REBANHO

Com uma projeção de cerca de 50 a 60 milhões de pessoas que já tiveram "contato com a doença", Pedro explica que a imunidade das pessoas contaminadas tem uma certa duração, mas que isso difere da tese de "imunidade de rebanho". Segundo ele, no Brasil só tem cerca de 20% da sua população hoje imune à doença, e que até alcançar a marca de 70% - que define a "imunidade de rebanho - o país vai ter chegado a marca de 1 milhão de mortes por Covid-19.

"Até chegar em 70% a sua plaquinha vai ganhar mais um dígito", disse o epidemiologista em referência à placa na mesa do senador Renan Calheiros (MDB-AL), com a contagem atualizada de vítimas.

Werneck pede que os senadores perguntem aos criadores de gado qual a estratégia deles para que conseguir a imunidade do seu rebanho. "Eles vacinam", resume.

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